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Dino diz que soube de ameaças a Moro há 45 dias e rejeita vinculação de fala de Lula à operação da PF

'É mau-caratismo tentar politizar esse evento', afirma ministro da Justiça e Segurança Pública

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O ministro da Justiça, Flávio Dino. Foto: Werther Santana / Estadão

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, repudiou na manhã desta quarta-feira, 22, o que chamou de 'narrativas falsas nas redes sociais que tentam vincular' declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o ex-juiz Sergio Moro à Operação Sequaz, que investiga planos de ataque ao senador. "É vil, leviano e descabido fazer qualquer vinculação desses eventos com a declaração. É mau-caratismo tentar politizar uma investigação séria", afirmou.

A indicação tem relação com a fala do presidente de que, no período em que esteve preso em Curitiba, dizia a procuradores e delegados que só iria 'ficar bem quando foder com o Moro'. Segundo Dino, é a 'abjeta a tentativa de vincular dois eventos totalmente distintos' - a declaração do petista e os planos investigados pela PF. "A atuação da Polícia Federal nada tem a ver com a crítica que o senador Sérgio Moro faz em relação ao governo e que eu próprio faço, fiz e farei em relação ao senador", afirmou.

A contabilidade do PCC na trama para pegar Moro: meio milhão de reais. Foto: Reprodução

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O ministro da Justiça ressaltou ainda que 'quem faz essa politização' acaba por 'ajudar' a organização criminosa alvo da ofensiva aberta pela PF na manhã desta quarta-feira. "Quem divulga boato, quem divulga mentira sobre esse assunto é amigo dos criminosos, é aliado de organização criminosa. Porque impede o principal, que é o reconhecimento de um lado do papel da Polícia Federal no sistema de justiça e de outro a necessidade de novas providências para que nós possamos enfrentar o crime organizado. Isso nada tem a ver com a política", ressaltou.

Dino afirma que soube há 45 dias, pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), do planejamento para a execução de ações violentas. Logo em seguida, acionou a diretoria-geral da PF, relatou. Nessa linha, o ministro argumentou que 'não há como' vincular declaração dada por Lula nesta terça, 21, a uma investigação que 'tem meses'.

"Fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria , que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador que é oposição ao nosso governo", ressaltou. Para Dino, a operação da Polícia Federal mostra que 'não há nenhum aparelhamento do Estado, nem a favor, nem contra ninguém'.

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Chácara que facção pretendia usar como provável cativeiro de autoridades subjugadas. Foto: Reprodução

Dino participou na nesta tarde da reunião-almoço promovida pelo Instituto dos Advogados de São Paulo, realizando palestra com o tema 'Desafios do Ministério da Justiça'. Antes e depois do evento, fez ponderações sobre a ofensiva deflagrada pela Polícia Federal em quatro Estados na manhã desta quarta, 22.

Até o momento, nove investigados já foram presos, parte deles ligados ao PCC. Além disso, um efetivo de 120 agentes vasculha 24 endereços ligados a investigados. Em um dos endereços, a Polícia Federal encontrou um 'fundo falso', revelando uma antessala que poderia servir como 'esconderijo', segundo investigadores.

Fuzis e pistolas do PCC. Foto: Reprodução

Os planos de homicídio e extorsão mediante sequestro tinham vários alvos: não só Moro, mas também o promotor do Ministério Público de São Paulo Lincoln Gakya, além de autoridades do sistema penitenciário e integrantes das Policias de diversos Estados. Moro e Gakya eram as únicas autoridades alvo da quadrilha. Os criminosos se referiam ao ex-juiz com o codinome 'Tóquio'.

Segundo Dino, a articulação do grupo suspeita mostra que a ideia da quadrilha não é 'apenas de retaliação, mas também de intimidação do Estado'.

Anotações sobre munições de grosso calibre da quadrilha para o audacioso plano. Foto: Reprodução

O blog teve acesso a documentos que os investigadores da Operação Sequaz localizaram na posse de suspeitos de integrarem o grupo que pretendia sequestrar e matar autoridades.

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Entre esses documentos dois chamaram a atenção dos policiais mobilizados na ação para sufocar a célula da facção encarregada dos ataques: uma planilha da contabilidade do grupo, incluindo gastos realizados com o planejamento e monitoramento de alvos, e um manuscrito com a descrição minuciosa das armas e munições que seriam usadas.

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