Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Opinião | Ela inventa, mas precisamos dela

PUBLICIDADE

convidado
Por José Renato Nalini*

Mal surgiu e já sofre alucinações. A Inteligência Artificial começou a mentir. Esse comportamento é chamado de alucinação, confabulação ou simplesmente invenção. Mas, por enquanto, é inevitável. Há quem sustente que essa característica é imodificável. É algo inerente à incompatibilidade entre a tecnologia e o uso que dela se faz.

José Renato Nalini Foto: Daniela Ramiro/Estadão

PUBLICIDADE

Todavia, ela veio para ficar. Tanto que a juventude mergulha nela e procura educar-se para encontrar vaga no mercado de trabalho de amanhã. Não para um futuro remoto. Mas para o ano que vem.

Profissões que não existiam há pouco, assim como especialista em IA, cientista de dados, são aquelas que mais atraem a geração que já nasce com chip. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, são atividades com o maior potencial de crescimento, até 2027.

MBA na área de tecnologia é uma área em plena ascensão. O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP – ICMC, já registrou um crescimento de cerca de 40% só em 2023. O número de estudantes em MBA, que é um Mestrado Profissionalizante, mais do que dobrou em dois anos. Se em 2021 eram 122 alunos, em 2023 o número atingiu a capacidade máxima: 245 cursistas.

A Faculdade de Informática e Administração Paulista – FIAP também constatou maior demanda por cursos de MBA em Inteligência Artificial e dados. Um curso atrai bastante os jovens: MBA em Data Science & AI (ou IA, quando a Inteligência Artificial é vertida para o português).

Publicidade

É o mercado quem dá o tom. Ele procura por profissionais de diferentes segmentos e que possam trabalhar com o mundo transformado pela Inteligência Artificial e com a análise de dados propiciadora de uma tomada de decisões mais assertivas e mais eficientes.

Diversamente do Mestrado Acadêmico, o MBA é um curso de pós-graduação com duração média de um a dois anos e voltado para áreas de administração e negócios. A USP, por exemplo, quer formar profissionais capazes de solucionar problemas reais. Os alunos aprendem desde os fundamentos a conceitos avançados e essa metodologia permite uma formação mais conectada à realidade do mercado.

Enquanto a Pós-graduação acadêmica aprofunda a pesquisa teórica, a pós-graduação do MBA vai ensinar na prática o que significa a IA, quais os seus usos, como ela se aplica e como se comporta no dia-a-dia da empresa.

Aquela mocidade que ainda acredita no diploma de nível superior para que todas as portas se abram ainda existe. Mas seu número se reduz ano a ano. O diploma hoje pode ser necessário, mas não suficiente. As empresas, sempre à frente do Estado, sabem que diploma pouco significa, se não houver talento, conhecimento, criatividade e vontade de se superar. Isso é o que as empresas procuram em seus quadros.

Os mais atentos, mesmo com cursos universitários completos, ingressam num MBA para complementar sua formação e para multiplicar suas chances no mercado. Quem se abre para a técnica, para o que ocorre no mundo de verdade, fora da teoria da sala de aula, vai estar muito à frente do bom aluno tradicional.

Publicidade

Todas as empresas necessitam da análise de dados. Se há cinco anos apenas, havia uma busca entre profissionais da área de tecnologia, ciência da computação e estatística, verifica-se hoje uma procura transversal e multidisciplinar. A diversificação é uma tendência incontornável. Uma especialização em área que não foi a do curso inicial, já terminado, gera possibilidades ilimitadas. Amplia o leque de oportunidades em todas as áreas do conhecimento.

A boa notícia é de que a remuneração de quem faz pós graduação é o dobro de quem só tem graduação. Outro dado interessante: apesar da maioria dos alunos de MBA trabalhar no setor privado, aumenta a participação de alunos que atuam como empreendedores. Um MBA ajuda a encontrar opções para que o aluno só faça aquilo que gosta. Algo que não está na mira de quem simplesmente obtém um diploma universitário e nem sabe exatamente o que fará com ele.

O mundo é outro e quem não acordar vai se sentir defasado, deslocado e, finalmente, descartado. Por isso é bom enfrentar a Inteligência Artificial e extrair dela o que é possível para melhorar sua vida. Há um mundo a ser desvendado e isso é desafiador, instigante e pode ser apaixonante.

*José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.