Prestes a ser empossado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin Martins começou a se desvincular das ações da Operação Lava Jato e outras em que atuou como advogado.
O futuro ministro deu início ao processo de “renúncia” das defesas. Essa é uma formalidade que precisa ser cumprida antes da posse no STF. A cerimônia ficou para o segundo semestre, no dia 3 de agosto, porque o Judiciário está prestar a entrar em recesso.
É comum que os processos tenham mais de um advogado constituído, frequentemente do mesmo escritório. Os outros defensores continuam habilitados nas ações. A mulher do futuro ministro, a também advogada Valeska Teixeira Zanin Martins, continuará à frente da banca fundada pelo casal e dará seguimento aos casos.
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A situação não é inédita. O ministro Dias Toffoli também é casado com uma advogada e era sócio dela antes de assumir a vaga no STF.
A lista de processos deixados por Zanin é longa. Inclui, por exemplo, a reclamação que levou o STF a declarar o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) parcial ao julgar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Operação Lava Jato. A decisão reabilitou o petista politicamente e permitiu que ele disputasse e vencesse as eleições de 2022.
O advogado também deixou ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pedem a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro por espalhar fake news e ampliar gastos às vésperas da eleição.
Quando assumir a vaga no STF, Zanin precisará se dar por impedido para julgar todos os processos em que atuou como advogado. Durante a sabatina no Senado, parlamentares da oposição tentaram, sem sucesso, pressioná-lo a assumir o compromisso de se declarar suspeito para votar também em novas ações envolvendo Lula e a Operação Lava Jato. O nome do advogado foi aprovado pelos senadores com um dos maiores placares recentes: 58 votos a 18.
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