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'Estou aliviada pelas outras vítimas', afirma modelo agredida por Thiago Brennand a respeito da prisão do empresário

Em entrevista ao Estadão, Helena Gomes comenta que seu alívio é pelas mulheres que denunciaram o empresário; Brennand foi preso nessa quinta-feira, 13, nos Emirados Árabes

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Por Isabella Alonso Panho
Atualização:

"Não temos que ter vergonha do que alguém fez com a gente', afirma a modelo Helena Gomes, que passou 16 anos no exterior a trabalho (Felipe Rau/Estadão)  

"Estou aliviada por poder dar um retorno para todas as pessoas que confiaram em mim." É o que afirma a modelo Helena Gomes, 38, primeira mulher a denunciar o empresário Thiago Brennand, 42. Ele foi preso nesta quinta-feira (13) em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes. É ela que aparece no vídeo sendo agredida por ele dentro de uma academia em um shopping de São Paulo. A denúncia feita por ela incentivou outras vítimas a falarem e, até o momento, há ao menos 15 denúncias contra o empresário por estupro, cárcere privado, lesão corporal e ameaça.

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(Depois que a modelo deu a entrevista ao Estadão, a Justiça dos Emirados Árabes mandou soltar o empresário, que pagou fiança. Brennand deverá aguardar em liberdade o processo de extradição para o Brasil, onde agora pesam contra ele dois mandados de prisão preventiva)

O caso de Helena foi revelado pelo programa Fantástico, da TV Globo. Na ação criminal em que consta como vítima e é assessorada pelo escritório Janjacomo Advogados, a juíza da 6ª Vara Criminal de São Paulo, Érika Mascarenhas, determinou que Brennand voltasse ao Brasil e entregasse seu passaporte até o dia 23 de setembro. Como a determinação foi descumprida, foi decretada a sua prisão preventiva. Diante da confirmação de que o acusado estava fora do país, ele passou a ser procurado também pela Interpol.

Confira a seguir a entrevista da modelo Helena Gomes ao Estadão:

ESTADÃO: Como você se sente diante da notícia de que o empresário Thiago Brennand foi preso?

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HELENA GOMES: Para te falar a verdade, estou aliviada, mas nem tanto por ele ter sido preso. No momento, nem consigo pensar nele. Estou aliviada por poder dar um retorno para todas as pessoas que confiaram em mim e nos meus advogados. Porque o tempo todo, para essas pessoas que falaram com a gente, que deram continuidade ao processo necessário para seguir com isso, nós falamos que a Justiça seria feita. Ver o que está acontecendo agora me deixa aliviada porque eu posso falar, principalmente para as mulheres que foram violentadas, humilhadas ou abusadas de alguma maneira, seja física ou verbalmente, que a justiça está acontecendo. A minha sensação é definitivamente de alívio. Não com relação ao Thiago. Com relação a ele, eu deixo que a Justiça resolva. Mas fico aliviada com relação a todas as pessoas que se sentiram, de certa forma, prejudicadas por ele.

ESTADÃO: Você chegou a sofrer algum tipo de ameaça por parte dele? 

HELENA GOMES: Não. Eu recebi algumas mensagens e ameaças, áudios, antes de dar a primeira entrevista. Depois disso, nunca mais.

ESTADÃO: Como você se sente vendo que várias outras vítimas se sentiram encorajadas a denunciar depois que você denunciou?

HELENA GOMES: Eu acho que isso mostra um reflexo da nossa sociedade, de como as coisas estão hoje. Essas pessoas não deveriam sentir medo de recorrer à Justiça, de chegar a uma delegacia. Se a vítima sente medo disso, é porque ela não se sente protegida. É algo que nós devemos rever sobre as nossas leis e sobre os métodos pelos quais ela é aplicada para o agressor e para a vítima. Eu me senti na função de encorajar as pessoas para que elas falassem, para que lutassem pelo que é correto. Mas eu entendo todo o medo que ela sentiram. Como você vai agir se você não tiver proteção para isso?

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ESTADÃO: Você se sente mais segura por saber que o Brennand foi preso?

HELENA GOMES: No momento ele foi preso. Mas a minha tranquilidade vai ser por quanto tempo? Eu acho que agora, o cumprimento desse primeiro mandado, vem apenas como uma resposta da Justiça, de que 'estamos olhando para esse caso e para o que está acontecendo'. Mas ainda há muita coisa pela frente.

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