Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Ex-executivo da Mendes Júnior afirma que Tacla Duran era o 'principal operador de propinas' da empreiteira

Rogério Oliveira da Cunha fechou acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato, homologado em 28 de setembro pelo juiz Sérgio Moro

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Vassallo
 

Rogério Oliveira da Cunha, ex-executivo da Mendes Júnior e delator da Operação Lava Jato, registra um termo de colaboração somente para narrar como o advogado foragido na Espanha Rodrigo Tacla Duran, teria se transformado no 'principal operador de propinas' da empreiteira. Junto de seus depoimentos, ele entregou contratos entre a empreiteira e o escritório do advogado.

Documento

ANEXO TACLA DURAN

Documento

ANEXO PIPE RACK

Cunha teve sua colaboração homologada pelo juiz federal Sérgio Moro no dia 28 de setembro. Além de confessar crimes, ele deve pagar R$ 4,3 milhões. O termo prevê que Cunha cumpra um ano e seis meses de prisão em regime fechado. Ele está condenado em segunda instância a 25 anos, 8 meses e 20 dias.

Reprodução de contrato entregue pelo delator da Mendes Júnior 

Segundo o delator, no 'segundo semestre do ano de 2011 a Mendes Júnior se encontrava com um contingente muito elevado de recebíveis em razão da participação em obras públicas'. "Apenas da Petrobrás eram cerca de R$ 400 milhões a receber por servíços já executados, alguns há mais de dois anos, mas cujo pagamento se encontrava paralisado".

Publicidade

Documento

CONTRATOS 1

Documento

CONTRATOS 2

O delator afirma que 'até então não havia uma sistematização e metodologia em relação ao pagamento e propina para liberação dos recebíveis, fato que fez com que o diretor Ângelo Mendes  se sentisse muito demandado e o levou a contratar José Reinaldo, ex funcionário da Mendes Júnior, a quem caberia organizar tais questões'.

Reprodução de depoimento 

"Jose Reinaldo passou a ter atuação semelhante à "área de pagamentos estruturados" da Odebrecht. com a diferença que não dispunha de uma equipe para tanto. Atuava sozinho, sob orientação de Ângelo Mendes", afirmou.

 

PUBLICIDADE

Responsável por operacionalizar as propinas, segundo o delator, José Reinaldo teria sido apresentado por Cesar Rocha, da Odebrecht, a Rodrigo Tacla Duran, conhecido como Vampeta, segundo narrou o delator.

Publicidade

O ex-executivo diz que o 'escritório de advocacia de Duran providenciava contrato fictício de prestação de serviços e nota para que a Mendes Júnior pudesse justificar pagamento' ao advogado, que, 'por sua vez, repassava os valores para pessoas indicadas' pela construtora.

"A Tacla Duran Advogados passou a ser a principal operadora da Mendes Júnior para pagamentos ilícitos. Todos os contratos para justificar pagamento de propina feitos entre Mendes e Tacla Duran foram executadas por José Reinaldo sob ordem de Ângelo Mendes", afirma.

Anexos. Dois termos de delação de Rogério da Cunha foram anexados à ação penal em que é réu desde março de 2018. Ele é acusado, ao lado de executivos da Odebrecht, de pagar propinas para o ex-gerente da Petrobrás Simão Tuma.

Segundo a acusação, além de ter repassado informações sigilosas aos agentes corruptores durante a fase licitatória, Tuma atuou de forma decisiva para que a Petrobrás dispensasse nova licitação e efetuasse a contratação direta do consórcio Pipe Rack no montante inicial de R$ 1.869.624.800,00. O valor das propinas foi ajustado em 1% do valor do contrato, isto é, cerca de R$ 18 milhões.

Em seu depoimento, Rogério admite que a Mendes Júnior fez os pagamentos 'simulados' de propinas por meio do operador Rodrigo Tacla Duran. O ex-executivo entregou à força-tarefa contratos entre o advogado e a empreiteira.

Publicidade

Um dos contratos com o escritório de Duran prevê assessoria de serviços advocatícios para reivindicações junto à Petrobrás.

"Este escritório providenciava contrato fictício de prestação de serviços e nota para que a Mendes pudesse justificar pagamento ao Tacla Duran que, por sua vez, repassava os valores para pessoas indicadas pela Mendes Júnior", afirma, em delação.

Ele afirma que a Mendes Júnior foi apresentada ao advogado por executivos da Odebrecht que também se utilizavam de seus serviços para operar propinas. Nesta ação, Duran é justamente acusado por viabilizar pagamentos da empreiteira ao ex-gerente da Petrobrás por meio de contratos simulados.

COM A PALAVRA, RODRIGO TACLA DURAN

Tacla Duran Sociedade de Advogados esclarece que:

Publicidade

1. Os trabalhos realizados para o Grupo Mendes Junior estão sob sigilo profissional conforme orientação da OAB-SP, informada a Receita Federal. 2. A Receita Federal fiscalizou o escritório por dois anos, com dez prorrogações, e emitiu relatorio final sem localizar saques de recursos em espécie que possam justificar este tipo de acusação. 3. Tacla Duran Sociedade de Advogados está regular junto à Receita Federal, conforme certidão emitida e válida nesta data.

São Paulo, 14 de outubro de 2018.

Rodrigo Tacla Duran

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.