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Família pressiona 'líder' do esquema da Carne Fraca por delação

Operação que cercou os maiores frigoríficos do País pegou a mulher e os filhos do ex-chefe da Superintendência Federal da Agricultura, no Paraná

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Foto do author Julia Affonso
Foto do author Luiz Vassallo

FOTO DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Foto: Estadão

A família do fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, está pressionando o ex-Superintendente Regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Paraná, para fechar um acordo de delação premiada na Operação Carne Fraca. Daniel Gonçalves Filho está preso preventivamente - quando não há prazo para o investigado ser solto.

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Fonte com acesso à investigação afirmou ao Estado que, caso o acordo se concretize, 'Brasília não vai dormir'.

A família de Daniel Gonçalves Filho também é investigada na Carne Fraca. A mulher do ex-superintendente, Alice Mitico Nojiri Gonçalves, e filho Rafael Nojiri Gonçalves, foram presos temporariamente. A filha Laís Nojiri Gonçalves foi alvo de mandado de condução coercitiva.

A Polícia Federal afirma, na Carne Fraca, que 'a esposa e filhos de Daniel sempre prestaram-lhe auxílio em suas atividades criminosas, das mais diversas formas'.

"(A família) tem conhecimento da sua atividade criminosa paralela à sua atuação da Superintendência, apoiando-a e dela participando ativamente, aproveitando a todos os frutos dos delitos que estariam sendo cometidos pelo patriarca", aponta a PF.

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"Daniel é pessoa de grande poder e influência no âmbito da Superintendência, mantendo contato direto com parlamentares, seus assessores, e com diversos empresários do ramo agropecuário."

Segundo a Carne Fraca, como Superintendente Regional, Daniel Gonçalves 'se revelou como o líder da organização criminosa que contamina a Superintendência Federal da Agricultura, no Paraná, comandando e reverenciando a atuação corrupta dos também ficais e/ou subordinados seus'.

A investigação identificou 'bens supostamente relacionados a atos de corrupção' ligados ao ex-superintendente e 'formalmente registrados em nome de terceiros'.

"Ainda, o ex-superintendente possuiria veículos com valor de mercado incompatíveis com seus rendimentos, como uma BMW 320i, placas ARD-0345, Ford Fusion placas AQS-4572 e um Subaru Forester placa ATA-3518, todos pagos à vista, e participação em diversas empresas de Maringá", aponta a Carne Fraca.

Interceptações. Daniel Gonçalves foi grampeado em conversas com assessores parlamentares e funcionários dos maiores frigoríficos do País. Segundo a PF, Daniel 'tem estreita relação com o funcionário da Seara, Flavio Evers Cassou, que já atuou junto à Superintendência Federal da Agricultura, no Paraná, como servidor cedido pelo Governo do Estado, e com o funcionário da BRF Roney Nogueira dos Santos (Gerente de Relações Institucionais e Governamentais), fazendo-lhes e deles recebendo favores'.

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Em uma das conversas interceptadas, a PF flagrou um diálogo entre Daniel Gonçalves e Flavio Evers Cassou. Segundo a Federal, o ex-superintendente pede ao funcionário da Seara 'que passe na sua casa e deixe algo com esposa Mitico'. A mulher de Daniel Gonçalves é avisada da entrega da encomenda, que, de acordo com a Carne Fraca, foi efetivamente entregue por Flávio Cassou.

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Outros diálogos grampeados pela PF pegaram Daniel e o filho Rafael 'trabalhando juntos'. A Polícia Federal afirma que Daniel coloca seu filho Rafael, que é advogado, como parceiro, sócio e homem de confiança em todos os negócios que faz paralelamente à sua atividade legal de servidor público'.

"Ambos trabalham juntos nos negócios angariados por Daniel, em completo desvio da sua função pública. Pai e filho atuam juntos na atividade de preservação de empresas agropecuárias de serem devidamente fiscalizadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o que poderia prejudicar suas atividades, atuando tanto administrativa quanto judicialmente, possuindo inclusive agenda conjunta de atividades", observa a Federal.

Além da 'parceria do filho Rafael e da esposa Mitico', o ex-superintendente teria o apoio da filha Laís 'para viabilizar e dar aparência de legalidade a suas atividades criminosas', segundo a Carne Fraca.

"Laís possui algum conhecimento de negócios agropecuários, tendo trabalhado na Sadia S.A. entre 9 de setembro de 2011 e 2 de abril de 2012, consoante relatório da Receita Federal. O monitoramento da linha telefônica de Laís Nojiri Gonçalves demonstrou ter ela conhecimento acerca dos negócios da família, integrando como sócia a empresa BR Organ", identificou a operação.

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