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Políticos e autoridades se dedicaram a ‘matar’ Marielle no dia seguinte ao crime, afirma ministro da Justiça

Flávio Dino determinou que Polícia Federal entre no caso para tentar encontrar mandante do assassinato da vereadora carioca, ocorrido em 2018

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:
Pintura de Marielle Franco é exposta no bairro do Estácio, região central do Rio, local do assassinato. Foto: Wilton Júnior / Estadão

RIO DE JANEIRO - Às vésperas de completar cinco anos sem uma solução, o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foi classificado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), na manhã destas segunda-feira, 13, como um caso ‘do que o Brasil não deve ser’. Dino afirmou ainda que que políticos e autoridades do Judiciário se dedicaram a ‘matá-la’ novamente nos dias seguintes ao crime.

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"O que foram os últimos 10 anos da política brasileira? A hegemonia do ódio. Marielle foi assassinada e no dia seguinte políticos e autoridades, inclusive do Poder Judiciário, se dedicaram a matá-la novamente. E até hoje é como se houvesse um homicídio por dia. Esse caso da Marielle serve de referência para o que o Brasil não pode ser, não deve ser", afirmou Dino em um seminário na sede da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio.

O ministro comparou o atual cenário de polarização e disseminação de desinformação e discurso de ódio à ascensão do nazismo na Europa há 100 anos atrás.

"Só é possível entender esse debate compreendendo que vivemos uma quadra histórica, que é a mesma da Europa de 100 anos atrás, em que a manipulação de afetos é constituinte da luta política, sobretudo com uso do ódio", completou o ministro.

Flávio Dino: "Marielle foi assassinada e no dia seguinte políticos e autoridades, inclusive do Poder Judiciário, se dedicaram a matá-la novamente". Foto: Dida Sampaio/Estadão

Investigações intensificadas

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O ministro determinou que a Polícia Federal (PF) apoie o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) nas investigações dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. Antes de determinar a abertura de inquérito pela PF, Dino negociou os termos da cooperação federal com o MP do Rio. O governo petista procurou evitar atritos com promotores fluminenses e, ao mesmo tempo, cumprir a promessa de campanha feita por partidos de esquerda de colocar órgãos federais na apuração do caso.

Dino colocou um grupo da PF à disposição do MP do Rio na intenção de dar uma resposta em nível federal às pressões sobre a conclusão da investigação do assassinato da vereadora carioca e não criar uma crise institucional com o órgão estadual.

A decisão foi tomada após encontro entre Dino e o procurador-geral de Justiça fluminense, Luciano Mattos. O inquérito da PF é um caminho alternativo à discussão sobre a federalização do caso. Após os dois se reunirem em Brasília, ficou definido que a PF no Rio vai auxiliar o MP na apuração do mandante do crime, sem que os promotores sejam 'atropelados'.

Avanços

Após sua palestra no evento, Dino disse que as investigações da PF no novo inquérito têm avançado. Segundo o ministro, conforme o “diálogo” com o MP-RJ, já houve o compartilhamento com a PF do que foi investigado até aqui. “Não há duvida que temos hoje linhas de investigação postas. Estamos trabalhando junto com o Ministério Público do Estado do Rio”, disse ele.

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O ministro frisou que a atuação da PF se concentra na identificação de “outras pessoas” que participaram do crime, além dos suspeitos de terem cometido, sob encomenda, os assassinatos da parlamentar e de seu motorista. Dino inclui entre as “outras pessoas” quem “mandou matar, quem tramou, quem financiou” o crime.

“Não podemos antecipar as investigações, mas o que posso afirmar é que a PF está trabalhando”, afirmou o ministro. “O trabalho está evoluindo bem. Claro que os resultados teremos nos próximos meses. Não é possível no momento fixar prazos. Há uma equipe dedicada na PF só para isso”, completou.

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