Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, relatou encontro entre com General Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em São José dos Campos (SP) durante formatura no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). De acordo com Baptista Júnior, Heleno ficou “atônito” e “desconversou” ao receber uma negativa de tentativa de golpe do principal nome da Força Área Brasileira (FAB). Procurado diretamente e por seu advogado, Heleno não respondeu até o momento ao Estadão. O espaço está aberto. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro também foi procurada, mas não respondeu.
O encontro ocorreu, segundo documento da PF, no dia 16 de dezembro de 2022, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia vencido o pleito daquele ano. A conversa entre Heleno e Baptista Júnior começou quando o ex-chefe do GSI perguntou se o ex-comandante poderia reservar um assento para ele em voo da FAB para retornar às pressas a Brasília por determinação do então presidente Jair Bolsonaro. Heleno estava na formatura de seu neto e tentou convencer Bolsonaro a desistir da convocação pessoal, o que foi negado pelo ex-presidente, segundo o documento.
No depoimento tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Baptista Júnior disse que foi nesse momento que levou Heleno para uma sala reservada e afirmou “categoricamente” que a FAB não “anuiria com qualquer movimento de ruptura democrática”. Ele disse ainda ter pedido a Heleno para levar o recado para Bolsonaro, que havia convocado reunião às pressas e em um fim de semana.
O então comandante da FAB não foi convocado para se reunir com o então presidente da República. Heleno então “ficou atônito e desconversou”, de acordo com Baptista Júnior, que pilotou o avião da FAB em retorno à capital federal. O ex-chefe do GSI esteve no voo, mas o assunto não voltou a ser tratado.
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