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Guerra entre 'Esquina Maluca' e 'Paredão' colocou Polícia no rastro de vereador aliado do PCC

Dois redutos do crime organizado instalados perto de escolas municipais de Araçatuba disputam com ‘mortes e sofrimento’ a primazia do tráfico e facção se infiltra na ‘cena política’ da cidade do interior de São Paulo, a 510 quilômetros da capital; Operação Ligações Perigosas levou à prisão do vereador Dunga, policial civil aposentado, na sexta, 6; Estadão pediu manifestação

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Antônio Edwaldo Dunga Costa Foto: @dungavereador via Instagram

Um “guerra” entre dois grupos criminosos pelo controle do tráfico em um bairro de Araçatuba, a 510 quilômetros de São Paulo, colocou o Ministério Público estadual no encalço do vereador Antonio Edwaldo Dunga Costa (União Brasil) por suposta ligação com o PCC. A disputa do tráfico está ligada a dois pontos de drogas: a ‘Esquina Maluca’ e o ‘Paredão’, ambos localizados perto de escolas municipais.

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O Estadão pediu manifestação do vereador Dunga, via contato com seu gabinete na Câmara de Araçatuba. O espaço está aberto. Nas redes sociais, o parlamentar negou envolvimento com os crimes.

Segundo o MP, a briga entre as facções levou a três tentativas e homicídio e três assassinatos em menos de quatro meses no bairro de São José. Ainda de acordo com os investigadores, também há “promessa recíproca de novas mortes e provas de que as facções estão se armando para se preparar para o confronto”.

A esquina Maluca - Trechos da investigação da Operação Ligações Perigosas Foto: Processo judicial

A necessidade de brecar o ciclo de violência foi um dos argumentos usados pela Promotoria para pedir a abertura da Operação ‘Ligações Perigosas’, que cumpriu 35 mandados de prisão na sexta-feira, 6. “Há disputa sangrenta pelo domínio do bairro São José, situação que vem provocando mortes e sofrimento, não apenas para os envolvidos diretamente, mas para toda a população local”, frisou o órgão.

Um dos alvos principais da ofensiva foi Dunga – o MP quer apurar o “grau de penetração” do PCC em seu mandato. Como mostrou o Estadão, a Promotoria apura a ligação do vereador e dois assessores seus com o PCC. Um suposto assessor informal do parlamentar foi preso na ofensiva. O Ministério Público suspeita que Paulo Giovane de Aguilar tenha atuação direta no tráfico de drogas na cidade, “tudo com o conhecimento do vereador e sua complacência”.

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O MP começou a investigação levantando informações sobre uma tentativa de homicídio envolvendo um dos líderes da Esquina Maluca, o ‘Jogador’ – irmão de Paulo. Segundo o MP, a ocorrência comprovou a “guerra” entre as facções locais e levou a outros investigados, inclusive alguns que já estão presos. Com isso, foi possível identificar a dinâmica de atuação dos grupos sob suspeita.

O paredão - Trechos da investigação da Operação Ligações Perigosas Foto: Processo judicial

Segundo a investigação, há no bairro de São José um mercado aberto de drogas, com características iniciais de controle territorial. Para tanto, os criminosos montaram uma rede de olheiros, sendo que as comunicações são compartilhadas inclusive entre as facções rivais, sob o mantra de que o “o crime fortalece o crime” – a necessidade de união contra ações da Polícia.

A Promotoria identificou seis lideranças da ‘Esquina Maluca’: ‘Malcriado’, ‘Jogador’, ‘Malaquias’, ‘Corinthiano’, ‘Lagoa’ e ‘Mamá’. Eram gerentes do ponto de tráfico ‘Curupacu’, ‘João do Caminhão’, ‘Bolinho’ e ‘Felipinho’. Já no núcleo ‘Paredão’ eram chefes ‘Reré’ e ‘Nego’.

Segundo o MP, ‘Jogador’ e ‘Lagoa’, integrantes do PCC e traficantes da Esquina Maluca, foram alvo de tentativas de homicídio, o que gerou retaliação contra integrantes do Paredão. A vendeta resultou nas mortes de duas pessoas e na tentativa de homicídio da irmã de Reré, chefe do Paredão.

O B.O. da tentativa de homicídio. Trechos da investigação da Operação Ligações Perigosas Foto: Processo judicial

Reré por sua vez, por vingança, mandou matar ‘Maçã’, que havia sido o executor dos crimes e morava junto com ‘Jogador’. O MP ainda vê indícios de que a morte de um homem identificado como ‘Tela’ e a tentativa de homicídio de um outro homem tenham relação com a disputa de drogas na região.

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A Promotoria chegou a interceptar conversas entre ‘Jogador’ e dois outros supostos integrantes da Esquina Maluca. Nos diálogos, eles falam sobre estar de prontidão e armados, o que, para o MP, deixa evidente o clima de guerra no local. “Passou, já corta na bala”, diz ‘Jogador’.

Trechos da investigação da Operação Ligações Perigosas Foto: Processo judicial
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