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Guitarrista Roger faz acordo com MP por desinformação sobre estupro e gravidez de menina de 11 anos

Roger Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor, assume obrigação de divulgar em suas redes sociais durante sete dias seguidos publicações sobre a defesa dos direitos das crianças e adolescentes e o combate ao abuso sexual infantil, além de pagar multa de R$ 60 mil; músico ainda não se manifestou sobre o caso

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Foto do author Fausto Macedo
Atualização:
O Ultraje a Rigor, do vocalista Roger Moreira, se apresenta no dia 26 no Tokio Marine Hall, em São Paulo Foto: Dantas Júnior

O músico Roger Rocha Moreira, vocalista e guitarrista da Banda Ultraje a Rigor, fechou um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público de São Paulo em razão da desinformação que espalhou ao fazer um comentário sobre uma menina de 11 anos que engravidou após ser estuprada no Piauí. Segundo a Promotoria, o comentário não reconheceu a criança como vítima e acabou minimizando a gravidade da violência sexual contra crianças e adolescentes.

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A avaliação do MP é a de que a publicação de Roger, que ‘desconsidera os dados do abuso sexual, a condição de vítima da criança e descontextualiza a situação da família, naturalizando a prática do abuso sexual’, implica dano social não somente à criança em questão, mas para toda e qualquer criança e adolescente que ‘veja na violência praticada contra seu corpo, sua identidade, sua vida, a culpa, e somente a culpa’.

A reportagem entrou em contato, por e-mail, com a banda. O espaço está aberto para manifestações.

O ajuste é subscrito pelo guitarrista com seu advogado, Rafael José Sanches. Pelo Ministério Público, o documento é assinado pela promotora de Justiça Luciana Bergamo, da Promotoria da Infância e Juventude da Capital.

Roger assumiu a obrigação de publicar, em suas contas em redes sociais, dois lotes de publicações – uma por dia, durante sete dias seguidos – sobre a defesa dos direitos de crianças e adolescentes e o combate ao abuso sexual infantil.

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Além disso, ele vai pagar R$ 60 mil por dano moral difuso, valor que será encaminhado ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Em caso de descumprimento, o músico terá de arcar com uma multa de R$ 1,5 mil.

A publicação foi realizada no X (antigo Twitter) e registrava: “Menina de 11 anos entra em desespero ao descobrir 2ª gravidez: ‘Tia, e agora?’ // Agora vê se para de meter! Ou pelo menos usa camisinha, porra!’”. O comentário se deu ante o caso da menina de 11 anos que engravidou pela segunda vez após ser estuprada no Piauí

O músico chegou a sustentar à Promotoria que o comentário não foi direcionado à criança. Segundo ele, seria uma ‘crítica sarcástica e irônica contra a família da menina, que foi negligente em zelar pelos interesses’ da menina.

O termo de 12 páginas assinado por Roger ressalta que a liberdade de expressão não é absoluta e encontra limites no direito à vida, à saúde, ao respeito e à dignidade de crianças e adolescentes. O Núcleo de Assessoria Técnica Psicossocial da Promotoria ressaltou como, em casos de abuso, crianças e adolescentes são sempre vítimas, ‘e demandam escuta, acolhida, atendimento e, principalmente, responsabilização daqueles que eventualmente violem seu direito sexual’.

A avaliação do MP é a de que a declaração de Roger, ‘ao manifestar supostas ações que a vítima de estupro, na época com 11 anos, poderia ter adotado diante da violação que sofreu, promove desinformação’.

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“As afirmações ali contidas implicam em desconsiderar que vítimas desse crime, em especial menores de idade, não possuem responsabilidade sobre a violação que sofreram. Em contraposição à desinformação promovida pelo investigado, o intuito é que o ajustamento de conduta fomente informações verídicas e que reforcem a proteção à infância e juventude”, ressaltou o órgão.

O MP deu ênfase ao alcance do comentário, ressaltando que não são permitidos ‘atitudes e comportamentos que invisibilizem o quão séria e complexa é a violência sexual contra crianças e adolescentes’. “A publicação deu azo a comentários de pessoas ‘normalizando’ a conduta da menor, não a reconhecendo como vítima, minimizando a gravidade da violência sexual contra crianças e adolescentes”, explicou a Promotoria.

COM A PALAVRA, O GUITARRISTA

A reportagem entrou em contato, por e-mail, com a banda. O espaço está aberto para manifestações.

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