Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Questionado por Rosa Weber durante ataque dos radicais, Ibaneis respondeu: 'Estamos cuidando'

Governador afastado do DF também foi procurado um dia antes do avanço dos golpistas pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e garantiu ao senador: 'Não teremos problemas'

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo após atos golpistas do dia 8 de janeiro. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), tentou tranquilizar os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, antes dos bolsonaristas depredarem as sedes dos Poderes.

PUBLICIDADE

Na véspera dos protestos golpistas, Rodrigo Pacheco pediu ajuda ao governador e alertou sobre o risco de invasão ao Congresso. A informação teria sido reportada pelo setor de inteligência da Polícia Legislativa. "Estimado governador, boa noite! Polícia do Senado está um tanto apreensiva pelas notícias de mobilização e invasão ao Congresso. Pode nos ajudar nisso?", escreveu o senador.

Ibaneis repondeu que todo o efetivo de segurança havia sido mobilizado e estava nas ruas: "Não teremos problemas", garantiu.

 Foto: Estadão

No dia seguinte, quando radicais já haviam avançado sobre o Congresso Nacional, a presidente do STF foi uma das primeiras a fazer contato com o governador: "Já entraram no Congresso!", alerta a ministra. Ele deu uma resposta parecida, sobre o volume de agentes mobilizados, e assegurou: "Estamos cuidando".

No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, mandou afastar o governador do cargo pelo prazo inicial de 90 dias. A decisão afirma que o governador foi conivente com os extremistas e ignorou apelos de autoridades para reforçar a segurança na Praça dos Três Poderes.

Publicidade

 Foto: Estadão

As mensagens foram extraídas do celular do governador e periciadas pela Polícia Federal (PF) na investigação sobre o papel de autoridades nas manifestações golpistas. Ele entregou o aparelho voluntariamente aos policiais.

Ibaneis já prestou depoimento no inquérito. Ele declarou que os órgãos de segurança do Distrito Federal estavam cientes da manifestação e prepararam um protocolo integrado de ações, que na avaliação dele foi 'sabotado'. O plano teria sido debatido com representantes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do STF, afirmou o governador, que disse ainda não saber do risco de violência.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE IBANEIS ROCHA

O governador IBANEIS ROCHA deu entrada ao pedido de cancelamento do seu afastamento, pois as provas produzidas desde o famigerado dia 8 de janeiro último indicam que ele não se omitiu e, tampouco, foi conivente com os atos criminosos praticados no dia da infâmia.

Ao determinar a soltura do então Comandante da PM-DF, o Ministro Alexandre de Moraes foi expresso em afirmar que "as evidências indicam que o coronel perdeu a capacidade de liderar seus comandados diretos, uma vez que suas solicitações por reforço não foram consideradas nem atendidas prontamente".

Publicidade

Ora, se para quem está diretamente na chefia da tropa esta lhe falta, com maior razão de ser não se pode dizer que o Governador, que está mais distante da tropa, se omitiu no comando desta.

Depois, o laudo pericial elaborado pela Polícia Federal foi categórico ao concluir que "a investigação não revelou atos do Governador IBANEIS em mudar o planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do Governo Federal, ou mesmo de impedir a repressão ao avanço dos manifestantes durantes os atos de vandalismo".

São essas, na essência, as razões pelas quais se pleiteia o imediato retorno do governador ao cargo para o qual foi democraticamente eleito.

Alberto Zacharias Toron e Cleber Lopes

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.