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Opinião|Isto funciona

Meta é valorizar o trabalho da agricultura, que multiplicou sua produtividade nos últimos anos graças à utilização de tecnologia conciliada com a sapiência dos tradicionais cultivadores, conhecimento ancestral que não pode ser menosprezado

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convidado
Por José Renato Nalini

Como brasileiro que ama seu país, rejubilo-me quando constato êxitos que nos conseguem orgulhar. Um deles é o trabalho desenvolvido pela FAESP, a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo e, principalmente, pelo SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

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Sob a segura liderança do empreendedor Fábio de Salles Meirelles e de seu filho Tirso de Souza Meirelles, uma equipe coesa e bem intencionada tem realizado um magnífico trabalho junto aos que trabalham no campo no Estado de São Paulo.

Os resultados entre 2021 e 2023 foram expressivos: quase treze mil cursos ou treinamentos foram propiciados aos que labutam na lavoura, envolvendo cerca de cento e cinquenta mil partícipes. Excelente notícia é a de que as mulheres têm se empenhado na aquisição de conhecimento técnico para potencializar a produtividade na lavoura. O movimento “Semeadora do Agro” consegue atrair o interesse e a participação de inúmeras mulheres, que já representam 48% do alunado.

A meta é valorizar o trabalho da agricultura, que é uma fonte de recursos e que multiplicou sua produtividade nos últimos anos, de maneira surpreendente, graças à utilização de tecnologia conciliada com a sapiência dos tradicionais cultivadores, conhecimento ancestral que não pode ser menosprezado.

Em Ribeirão Preto, num imóvel de quarenta e cinco mil metros quadrados, que já dispõe de mil e seiscentos metros quadrados construídos, serão edificados mais cinco mil metros quadrados, para sediar um Centro de Excelência da Cana-de-açúcar. Ali se poderá, além de ensinar novas táticas para acelerar a produção com sustentabilidade, investir em novas fontes energéticas, quais as extraíveis da biomassa, como o biogás e o hidrogênio verde.

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Simultaneamente, construir-se-á um Centro Técnico em São Roque, num terreno de quase sessenta hectares, para disseminação da tecnologia que é essencial à consolidação da lavoura como a grande vencedora no Brasil contemporâneo, responsável por boa parte do PIB tupiniquim.

O engenheiro agrônomo Mário Biral, uma referência na área do conhecimento agrícola enfatiza que o SENAR, integrante do sistema “S”, um grande vencedor no Brasil, está mencionado na Constituição Cidadã. São Paulo sempre teve uma vocação de minifúndios. Os “sítios”, verdadeiras autarquias, onde quase tudo o que era consumido era produção própria. É para os pequenos lavradores que o SENAR trabalha. Das cerca de 340 mil propriedades rurais, mais da metade não é maior do que vinte hectares. O segredo é propiciar ao lavrador condições de permanecer no campo, com renda positiva suficiente para o sustento da família e para os investimentos no sonho, nos ideais, até na utopia.

Tudo converge para essa estratégia, porque o Brasil é campeão mundial na exportação de produtos agrícolas: já vende 75% da laranja, 55% da soja, 43% do açúcar, 33% de frango, 30% café, 25% de carne bovina consumida no planeta. É também um dos maiores produtores de celulose, área na qual o Brasil lidera. Nos próximos anos, poderemos passar os americanos no milho e no algodão.

O grande negócio vai bem, obrigado. Agora é o momento de cuidar da agricultura familiar. Fornecendo a ela a tecnologia como Inteligência Artificial, bio-insumos, big data. Propiciar arranjos produtivos rurais. Incentivar o turismo rural. Pense-se que São Paulo, a insensata concentração de quase quinze milhões de pessoas vai virar um verdadeiro paliteiro nos próximos anos. O paulistano vai querer sair no fim de semana e respirar ar puro, ver árvores, ver vacas, talvez ordenhá-las, também cabras, coelhos e outros integrantes de nossa rica fauna. Observar pássaros, pescar, pisar na terra e sentir o cheiro do mato. Cultivar orquídeas, flores, plantas ornamentais.

A juventude brasileira precisa ver resgatado o valor da lavoura. É do contato e do cultivo da terra que se extrai aquilo que de melhor a natureza oferece à humanidade.

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A presença, pela primeira vez, de uma mulher à frente da Embrapa, a pesquisadora Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá é certeza de que um novo olhar, mais sensível e mais carinhoso, se voltará para a população rural. Onde está o verdadeiro Brasil, a alma ingênua do homem da roça, de quem necessitamos cada vez mais, para nos alimentar e para atender à fome do mundo.

Convidado deste artigo

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José Renato Nalini
Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo. Foto: Alex Silva/Estadão
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

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