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Itália prende quatro da Cosa Nostra por ‘fantasmas’, ‘laranjas’ e lavagem de R$ 300 mi no Brasil

Prisões realizadas por autoridades italianas nesta semana são desdobramento da Operação Arancia, deflagrada no dia 13 de agosto, em Natal, quando força-tarefa desmontou braço da máfia siciliana que instalou empreendimentos milionários no Rio Grande do Norte

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

Com o apoio de informações compartilhadas pelo Ministério Público Federal brasileiro, via cooperação internacional, a Itália prendeu nesta semana quatro investigados ligados à Cosa Nostra, grupo mafioso daquele país europeu que atuava no Brasil.

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As prisões foram decretadas pela Justiça, a pedido do Ministério Público italiano, pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores. Também foi determinado o bloqueio de mais de 350 mil euros – o equivalente a R$ 2,1 milhões - e de bens de nove empresas que operam nos setores imobiliário e de restauração, localizadas na Itália, na Suíça, em Hong Kong e no Brasil.

As prisões são um desdobramento das investigações da Operação Arancia, deflagrada no dia 13 de agosto, em Natal, quando a força-tarefa de autoridades brasileiras e italianas mirou o braço da Cosa Nostra no Brasil.

A Cosa Nostra é apontada como uma das mais poderosas organizações mafiosas da Itália, que também atua em território brasileiro, principalmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba.

A Operação Arancia prendeu no Brasil o empresário italiano Giuseppe Bruno, considerado um dos chefes da organização.

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Segundo informações divulgadas pela Procuradoria nesta quinta, 10, as evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana usou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais.

Operação Arancia foi aberta pela PF em agosto; investigação levou às prisões.  Foto: Polícia Federal

Os investigadores estimam que a ramificação do grupo no Brasil tenha realizado a lavagem de aproximadamente R$ 300 milhões em capitais ilícitos, desde 2009. O dinheiro era usado para comprar propriedades e se infiltrar no mercado imobiliário e financeiro brasileiro.

Comunicado divulgado pelo Comando Provincial de Palermo indica que as provas reunidas até agora apontam para a atuação criminosa conjunta de Giuseppe Calvaruso e de Giuseppe Bruno no esquema. As autoridades italianas estimam que o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em valores atuais, o que equivale a mais de R$ 3 bilhões.

“O dinheiro foi transferido da Itália para o Brasil por meio de complexos mecanismos de lavagem de dinheiro, passando, em muitos casos, por contas correntes localizadas no exterior”, afirma o comunicado.

A ação desta semana é resultado do trabalho realizado por uma Equipe Conjunta de Investigação (ECI), formada por membros do MPF e integrantes da Polícia Federal brasileira, da Procuradoria de Palermo (na Itália) e da Polícia italiana, com o apoio da Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária Penal, Eurojust.

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O acordo para a criação da equipe foi firmado pela Secretaria de Cooperação Internacional do MPF (SCI), tendo tramitado pelo Ministério da Justiça, seguindo as regras da Convenção de Palermo, principal instrumento global de combate ao crime organizado transnacional. No Brasil, as investigações são conduzidas pela unidade do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte.

Denúncia

No dia 17 de setembro passado, a Procuradoria em Natal denunciou três italianos e seis brasileiros por envolvimento com organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro para a máfia italiana.

Além da condenação dos envolvidos, o MPF pediu à Justiça brasileira a manutenção da prisão preventiva dos líderes da máfia. Dois deles já estão presos por outros crimes: Giuseppe Calvaruso, sob custódia na Itália, e Pietro Lagodana, que cumpre pena no Presídio Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte.

O terceiro italiano apontado como líder é Giuseppe Bruno, que também permanece preso no Brasil. Além desses três chefes da ramificação da Cosa Nostra no Brasil, foram denunciados seis brasileiros acusados de integrar a organização em diferentes períodos, incluindo companheiras dos italianos.

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