O juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, recebeu denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios contra três investigados pela tentativa de explosão de uma bomba próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília. Tornaram-se réus Alan Diego dos Santos Rodrigues, Wellington Macedo De Souza e George Washington de Oliveira Sousa, que chegou a ser preso e confessou a montagem da bomba.
O trio foi denunciado pelo crime de explosão - 'expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos' -, que tem previsão de pena de reclusão de três a seis anos. George Washington também foi acusado de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, em razão do arsenal apreendido em seu poder. De acordo com a Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, os indiciamentos por crimes de terrorismo e de associação criminosa deverão ser analisados pela Justiça Federal.
Em despacho assinado na terça-feira, 10, Tovani considerou que a peça apresentada pela Promotoria no DF preenchia os requisitos previstos no Código de Processo Penal, havendo 'justa causa' para abertura da ação penal contra os acusados. Na sexta-feira, 13, o magistrado acolheu pedido do MP e baixou o sigilo que havia sido imposto para 'preservar a investigação'. No sistema da Justiça do DF, o assunto do processo é registrado como 'crimes do sistema nacional de armas', com a indicação de 'motivação político partidária'.
A investigação sobre o caso começou após a Polícia Militar do Distrito Federal encontrar, no dia 24 de dezembro, uma bomba na Estrada Parque Aeroporto, próximo do Aeroporto Internacional de Brasília. O objeto estava à margem da pista de rolamento, no gramado de um canteiro central. No mesmo dia, George Washington de Oliveira Sousa foi preso e confessou ter armado o artefato, alegando que queria "provocar o caos" em protesto contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
Como mostrou o Estadão, George Washington - que se diz gerente de quatro postos de gasolina, recebendo entre R$ 4 mil e R$ 5 mil por mês - afirmou à Polícia que gastou mais de R$ 160 mil com um arsenal - pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições - que levou do Pará à Brasília com a intenção de 'provocar intervenção das Forças Armadas'. O auto de apreensão dos objetos localizados pelos policiais em posse do preso listou um fuzil, duas espingardas, cinco bananas de dinamite, revólveres, pistolas e mais de mil munições, de diferentes calibres.
O apoiador do presidente Jair Bolsonaro disse ter montado 'plano com manifestantes (acampados no entorno) do QG do Exército para provocar decretação de estado de sítio e impedir a instauração do comunismo no Brasil'. No depoimento à Polícia Civil do DF consta uma citação a uma pessoa de nome 'Alan'. George Washington disse ter fabricado a bomba, entregado o artefato a 'Alan' e insistido para que ele instalasse o dispositivo em um poste de energia, em razão de não ter concordado com a ideia de explodir o item no estacionamento do aeroporto.
Na audiência de custódia do agora réu, o Ministério Público do Distrito Federal argumentou que o fato de o preso ter levado armas para Brasília com 'a intenção de provocar intervenção militar, cogitando explosão de bombas em aeroporto e em subestação de energia, demonstrava de forma inequívoca a necessidade' de sua segregação cautelar.
Além disso, a avaliação da Promotoria foi a de que, ao passar mais de um mês acampado em frente ao quartel do Exército, George se 'inseriu em uma engenharia criminosa em que teria encomendado e recebido artefatos para confecção de bomba'. Durante a audiência de custódia do investigado, o MP deu destaque à 'trivialidade com que o preso lida com questões radicais e lesivas'.
COM A PALAVRA, AS DEFESAS
A reportagem busca contato com os advogados dos réus. O espaço está aberto para manifestações.
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