Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Juiz vê 'nítido exercício da advocacia', anula delação de ex-presidente da Fecomércio Rio e enterra Operação E$quema

Decisão da 1.ª Vara Criminal Especializada tranca inquérito da extinta Lava Jato fluminense contra advogados denunciados por propina em troca de blindagem a Orlando Diniz, ex-mandatário da Federação do Comércio que revelou suposto conluio de escritórios

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu trancar a investigação da Operação Esquema S, que mirou bancas de advocacia renomadas no meio político. O caso foi um dos últimos desdobramentos da Lava Jato fluminense antes do fim da força-tarefa.

PUBLICIDADE

A decisão é do juiz Marcelo Rubiolli, da 1.ª Vara Criminal Especializada do Rio, para quem não há provas de crimes.

"O que se depreende de todo o processo até a presente data é que a investigação penal e decisões até então prolatadas têm o nítido intuito de criminalizar o exercício da advocacia", diz um trecho da decisão.

O magistrado também anulou a colaboração premiada do ex-presidente da Fecomércio do Rio, Orlando Diniz, com o Ministério Público Federal (MPF). A delação foi o ponto de partida da investigação que colocou a Lava Jato no encalço dos advogados. O empresário revelou aos investigadores a existência de uma rede de escritórios de advocacia que teria sido montada para blindá-lo e mantê-lo no cargo após suspeitas de irregularidades em sua gestão.

Publicidade

O ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz, que chegou a ser preso na Operação Jabuti em 2018, fechou acordo de colaboração com a Lava Jato. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO 

A investigação avançou nas mãos do juiz Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato na 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que autorizou quebras de sigilo e buscas contra os investigados. Antes que ele pudesse analisar a denúncia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) reagiu contra o que viu como uma 'perseguição' à classe e acionou o Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte então anulou todas as decisões tomadas até aquele momento e transferiu o caso para a Justiça estadual.

Na prática, a decisão da Justiça do Rio enterra toda a investigação. Ao analisar a delação, peça-chave do inquérito, o juiz Marcelo Rubiolli concluiu que os procuradores 'induziram' a versão do colaborador. Em relação à denúncia, o magistrado entendeu que os investigadores não conseguiram provar a versão de que os escritórios de advocacia foram usados para fazer lobby e influenciar decisões em tribunais superiores em troca de propina.

"Urge reconhecer a ausência de justa causa à persecução dos fatos narrados", afirmou. "Não se apurou mais do que uma associação de advogados que tutelavam as estratégicas jurídicas da pretensão do então presidente do Sesc/Senac-RJ", acrescentou.

A denúncia foi oferecida em setembro de 2020 e acusou suposto esquema que teria desviado pelo menos R$ 151 milhões do Sistema S fluminense (Sesc-RJ, Senac-RJ e Fecomércio-RJ), entre 2012 e 2018, através de contratos fictícios com escritórios de advocacia.

De acordo com a Lava Jato do Rio, as vantagens indevidas teriam sido pagas a bancas influentes, que teriam atuado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para garantir permanência de Orlando Diniz no cargo. Tudo isso em troca de supostos pagamentos milionários disfarçados em contratos de fachada.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.