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Juiz revê decisão que condenou MP a pagar tradutora para interrogar executivo no cartel dos trens

Ministério Público de São Paulo recorreu da decisão que havia imposto ao órgão o ‘ônus’ de custear honorários da intérprete, após absolvição do réu, o executivo Serge Van Themsche, ex-presidente da Bombardier

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo

A Justiça de São Paulo voltou atrás da decisão que havia condenado o Ministério Público do Estado a pagar pela tradutora contratada para acompanhar o interrogatório do executivo Serge Van Themsche, ex-presidente da Bombardier, na investigação do cartel dos trens. O empresário não é brasileiro, por isso foi necessário contratar uma intérprete para viabilizar o depoimento, traduzido do francês para o português.

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Em um primeiro momento, o juiz Leonardo Valente Barreiros, da 1.ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem da Capital, determinou que o Ministério Público de São Paulo custeasse as despesas processuais, inclusive os honorários periciais da intérprete.

A justificativa foi a de que o empresário foi absolvido e, por isso, não deveria assumir o “ônus” da tradução de seu depoimento.

“Diante da improcedência da ação penal, o ônus de custear as despesas processuais, inclusive os honorários periciais do intérprete, não deve recair sobre o réu. Assim, é do poder público o dever de suportar tais despesas, especificamente do Ministério Público, titular da ação penal”, escreveu Barreiros em despacho de junho.

O MP recorreu e o magistrado reconsiderou a própria decisão. Ele reconheceu que houve “contradição” e esclareceu que “não cabe ao Ministério Público o pagamento dos honorários do perito intérprete que auxiliou nestes autos”.

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“Decerto, pecou na sucinta fundamentação, ao indicar a parte sucumbente no sentido estrito, o Ministério Público, certo de que deveria ter se referido, de forma clara, ao Estado, em sentido amplo”, acrescentou.

Cartel dos trens investigou executivos do setor metroviário. Foto: DANIEL TEIXEIRA

O cartel de trens operou em São Paulo entre 1998 e 2008, durante os governos Mário Covas, Geraldo Alckmin, Cláudio Lembo e José Serra. Nenhum governador foi acusado de ligação com o esquema.

Empresas do setor de transportes sobre trilhos foram acusadas de se unir em um grande conluio para combinar preços e dividir contratos públicos. As investigações apontaram que essas companhias definiam de antemão quem participaria e quem ganharia cada licitação, os valores das propostas e as subcontratações.

Como mostrou o Estadão, processos criminais e de improbidade não avançaram. Executivos do setor metroferroviário e servidores públicos têm sido absolvidos ou contemplados pela prescrição.

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