A Associação dos Juízes Federais do Brasil e a Associação dos Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul realizam na tarde desta sexta, 4, um protesto em solidariedade à juíza federal Louise Filgueiras, que foi atacada com uma faca pelo procurador da Fazenda Nacional Matheus Carneiro Assunção. Segundo os magistrados, o ato também defende o 'respeito e a segurança de toda a magistratura'. A manifestação será realizada às 16h na Avenida Paulista, em frente ao Fórum Pedro Lessa do Tribunal Regional Federal 3ª Região.
Louise foi atacada nesta quinta, 3, em seu gabinete, no 21º andar do TRF-3, na Paulista. De acordo com segurnaças do local, antes de se dirigir até a magistrada, o procurador Matheus Assunção esteve em um cursos obre corrupção que estava sendo ministrado no 25º andar. Inicialmente, o homem atirou uma jarra de vidro em direção à magistrada. Depois, a golpeou no pescoço com uma faca de cozinha, deixando ferimentos leves na magistrada. Levado pela Polícia Federal, o procurador foi autuado em em flagrante por tentativa de homicídio.
Ainda não se sabe o motivo do ataque. Depois de contido, o procurador afirmou que 'queria fazer protesto'. Segundo testemunhas, o homem disse frases desconexas, entre elas 'Vou fazer o que Janot não fez' - em referência a declaração do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que disse ao Estado que chegou a ir armado para uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes.
No mesmo dia do atentado, as entidades já haviam manifestado indignação sobre o caso, afirmando que os magistrados sofrem de 'falta de segurança crônica' e que 'momento político contribui para acirramento dos ânimos e o desrespeito ás instituições'.
Além da Ajude e da Ajufesp, a Associação dos Magistrados Brasileiros, maior entidade de juízes no país, que também divulgou nota sobre o caso, 'condenando' o atentado à juíza Louise Filgueiras e destacando o respeito e a segurança dos magistrados.
Na avaliação da associação, o atentado evidencia 'o risco a que estão submetidos os magistrados. "Nos últimos tempos tem-se cultivado uma política de ódio, de violência, de divisão e desrespeito às autoridades constituídas, em especial do Poder Judiciário, a exigir respostas firmes e adequadas à recomposição da ordem e do progresso.", escreveu a associação.
Confira a íntegra da nota da AMB
"AMB condena atentado à magistrada
O atentado sofrido pela juíza federal Louise Filgueiras no seu local de trabalho, Tribunal Regional Federal da3ª Região, evidencia, uma vez mais, o risco a que estão submetidos os magistrados brasileiros no exerted sua atividade.
A AMB se solidariza com a ilustre juíza e com todos os magistrados e servidores do TRF da 3ª Região, exige a apuração rigorosa dos fatos, conclamando os tribunais de todo o País e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a acelerar as políticas de segurança, de maneira a garantir o exercício da atividade jurisdicional.
Nos últimos tempos tem-se cultivado uma política de ódio, de violência, de divisão e desrespeito às autoridades constituídas, em especial do Poder Judiciário, a exigir respostas firmes e adequadas à recomposição da ordem e do progresso.
A AMB somará esforços com as demais entidades no ato de solidariedade à colega Louise Filgueiras e em defesa do respeito e da segurança da magistratura brasileira."
COM A PALAVRA, O SINDICATO NACIONAL DOS PROCURADORES DA FAZENDA NACIONAL
"O SINPROFAZ - Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional - lamenta profundamente o episódio ocorrido nesta quinta-feira (3), envolvendo o Colega Matheus Carneiro Assunção, com a prática de ato direcionado à magistrada Louise Filgueiras.
Tal fato surpreende a todos da Carreira e, principalmente, àqueles mais próximos de Matheus, um profissional dedicado, admirado pelos pares, ingresso na PGFN desde 2008, Mestre e Doutor pela USP, e a quem amigos e colegas de trabalho reiteram estima.
Manifestamos todo o apoio e solidariedade à magistrada e à sua família neste momento traumático, ainda mais porque o relacionamento institucional entre Procuradores da Fazenda Nacional e magistrados (assim como demais Funções Essenciais à Justiça) se pauta pela civilidade e respeito recíprocos.
Diante de tal fato, esperamos cautela no aprofundamento das investigações, a fim de esclarecer devidamente as circunstâncias do ocorrido e as condições pessoais do Procurador Matheus no momento do episódio, conferindo-se a ele o pleno direito ao contraditório e à ampla defesa, inclusive em âmbito administrativo, até porque aparentava, visivelmente, se encontrar em estado de surto psicótico, no momento do ato."
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