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Justiça condena 'Médicos pela Vida' e fabricante de ivermectina a indenização de R$ 55 milhões por propaganda de 'tratamento precoce' da covid

Juiz Gabriel Von Gehlen, de Porto Alegre, concluiu que material publicitário 'Manifesto Pela Vida', estimulando uso de 'kit covid', 'foi mecanismo ilícito de propaganda de laboratório fabricante de medicamento'

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Foto do author Pepita Ortega
 Foto: Reprodução

A Justiça Federal no Rio Grande do Sul condenou os responsáveis pelo 'Manifesto Pela Vida' - material publicitário que estimulava o 'tratamento precoce' da covid-19 - ao pagamento de R$ 55 milhões por danos danos morais coletivos e à saúde.

As sentenças, que acolhem pedidos do Ministério Público Federal, atingem: o grupo Médicos Pela Vida (Associação Dignidade Médica de Pernambuco - ADM/PE); a Vitamedic Indústria Farmacêutica, fabricante da ivermectina; o Centro Educacional Alves Faria (Unialfa); e o Grupo José Alves (GJA Participações). Eles foram condenados solidariamente.

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O juiz Gabriel Menna Barreto Von Gehlen, da 5ª Vara Federal de Porto Alegre, concluiu que o 'manifesto pela vida foi mecanismo ilícito de propaganda de laboratório fabricante de medicamento'.

"A só e pura publicidade ilícita de medicamentos, pelos riscos do seu uso irracional, já representa abalo na saúde pública e sua essencialidade impõe a devida reparação", advertiu o magistrado.

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Em uma das ações, o juiz impôs pagamento de R$ 45 milhões. Na outra, R$ 10 milhões. No informe publicitário pivô da condenação, o grupo 'Médicos Pela Vida' citava 'benefícios do tratamento precoce' da covid, sem 'qualquer indicação de possíveis efeitos adversos' que podem decorrer dos medicamentos, segundo o MPF.

Para a Procuradoria, a publicação contraria a legislação e ato normativo que tratam da propaganda e publicidade de medicamentos.

Resolução da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que as informações sobre medicamentos devem ser comprovadas cientificamente. "O que não é o caso daqueles elencados no manifesto quando aplicados a casos de covid-19", ressaltou a Procuradoria.

O juiz Gabriel Menna Barreto Von Gehlen viu 'cumplicidade' entre a farmacêutica Vitamedic e a Associação Médicos Pela Vida. A avaliação é a de que a empresa financiou propaganda irregular, investindo R$ 717 mil na publicidade - 'conforme, inclusive, admitido pelo diretor da Vitamedic, fabricante do medicamente ivermectina, durante depoimento na CPI da Covid no Senado Federal'.

Anvisa

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A Justiça Federal viu 'atuação equivocada' da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por ter se 'esquivado de aplicar a sua própria norma sobre publicidade de medicamentos', narrou a Procuradoria. Von Gehlen atribuiu 'omissão' ao órgão regulatório por 'não ter aplicado as penalidades previstas no caso'.

"A publicidade promovida pela associação ré - em conluio com fabricante de ivermectina- incidiu em grave ilicitude sanitária. Mensagem retificadora poderia essencialmente reforçar o objetivo da ré de indevida divulgação de fármacos. Naturalmente que incumbiria à ANVISA tutelar suas próprias regras, e aqui pertinem as atinentes à publicidade de medicamentos; porém é a omissão daquela agência reguladora que motivou esta ação do Ministério Público Federal", anotou o magistrado.

COM A PALAVRA, A DEFESA

A reportagem busca contato com o grupo citado nas sentenças. O espaço está aberto para manifestações.

No processo, a Associação Dignidade Médica de Pernambuco argumentou que não deveria ser condenada ao pagamento de indenização por danos morais coletivos porque 'não houve um começo de prova sequer de que a publicação do manifesto causou danos à saúde de quem quer que seja, inexistindo, ademais, qualquer nexo de causalidade entre tal fato e a suposta violação a direitos fundamentais da coletividade'.

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COM A PALAVRA, A ANVISA

A reportagem busca contato com a agência. O espaço está aberto para manifestações.

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