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Candidato ‘laranja’ do PROS recebeu R$ 2,5 milhões e levou 436 votos na campanha de 2022, diz PF

Cada voto depositado à candidatura de Márcio Xavier da Silva, ex-funcionário do PROS e alvo da Operação Fundo no Poço que investiga suspeita de desvios de R$ 36 milhões de fundos do Solidariedade, custou R$ 5.733,94, ou 304 vezes mais que o investido com outros candidatos, R$18,82, em média; Estadão pediu manifestação da sigla e do candidato

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Atualização:
Decisão da Justiça eleitoral detalha investigações da Operação Fundo no Poço Foto: Reproduçã

As investigações da Operação Fundo no Poço, que apura suposto desvio de R$ 36 milhões do Fundo Partidário do Solidariedade, indicam cinco possíveis candidaturas laranjas no Distrito Federal. Os candidatos na mira da Polícia Federal concorreram a cargos tanto na Câmara dos Deputados como na Câmara Legislativa do DF. Eles receberam, ao todo, R$ 4,6 milhões para financiamento de suas campanhas.

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Um suspeito, Márcio Xavier de Silva, cuja campanha foi abastecida com R$ 2,5 milhões, teve 436 votos - um custo médio de R$ 5,7 mil por voto recebido. A reportagem do Estadão pediu manifestação de Xavier e do Solidariedade. O espaço está aberto.

Os investigadores constataram que alguns candidatos não usam redes sociais e nem fizeram campanha no pleito de 2022. A Operação Fundo no Poço mira gastos com ‘serviços advocatícios’ e a prestação de serviços por parte de pessoas com vínculos partidários e empregatícios com o PROS.

Segundo a Polícia Federal, os cincos candidatos suspeitos integrariam um dos núcleos da organização criminosa que seria chefiada pelo presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes Macedo Júnior, que teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª Zona Eleitoral de Brasília.

Eurípedes está foragido - outros seis investigados foram presos nesta quarta, 12.

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O núcleo de ‘candidatos laranjas’ no DF não foi alvo de mandados de prisão, mas tiveram suas casas vasculhadas e passaportes apreendidos pela PF.

O juiz Lizandro Garcia decretou o bloqueio de contas do grupo. - em valores equivalentes ao que o Fundo Partidário repassou para financiamento de suas campanhas em 2022.

O primeiro suspeito listado pela PF é Márcio Xavier da Silva, que foi funcionário do PROS e concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Pará em 2022. À Justiça Eleitoral, a PF argumentou que Xavier ‘concentra seus endereços no Distrito Federal e em Goiás e não consta informação de que tenha residido no Pará’.

Segundo os investigadores, Xavier recebeu R$ 2,5 milhões para financiamento de sua campanha e obteve 436 votos.A PF fez a conta: o custo do voto de Xavier foi 304 vezes maior que a média dos candidatos do Pará - o dele bateu em R$ 5.733,94 e os dos outros R$18,82, em média.

Os investigadores chamam a atenção para o fato de o perfil de Márcio Xavier no Instagram ser privado e ter 129 seguidores, o que, na avaliação da PF, ‘soa incomum para tal pretensão eleitoral’.

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Outro suposto candidato laranja, segundo a Operação Fundo do Poço, é Berinaldo da Ponte, que foi secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade do PROS e se candidatou a deputado distrital nas últimas eleições.

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Berinaldo recebeu R$ 1,2 milhão a título de financiamento de campanha e obteve 1964 votos.

Com relação aos gastos de Berinaldo, a PF aponta ‘indícios de que os valores foram repassados a diversas pessoas e empresas sem aparente vínculo com as contas de campanha’.

A maior despesa de Berinaldo no decorrer da campanha - 23% do total - foi com advogados. Houve gasto de R$ 223 mil com uma gráfica - em comparação, a segunda candidata que mais gastou no DF declarou dispêndio de R$ 10 mil com o mesmo serviço. Os investigadores também levantaram suspeitas sobre pagamentos a ‘pessoas com vínculos partidários e empregatícios com o PROS’.

Outro investigado concorreu ao cargo de deputado distrital pelo PROS em 2022: é Luciano Vigilante, hoje filiado ao Solidariedade. Ele recebeu R$ 400 mil do para financiar sua e teve 103 votos - um custo de R$ 3,8 mil por voto. Segundo a PF, o candidato gastou R$ 130 mil com um escritório de advocacia.

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Os investigadores ainda suspeitam de um gasto de R$ 50 mil da campanha de Vigilante com serviços de marketing, ‘sem que houvesse no processo de prestação de contas comprovantes de transferência’.

A PF destaca que o candidato gastou R$ 5 mil com ‘impulsionamento de conteúdos e divulgação’ realizado por uma empresa sediada em João Pessoa. “Não foram encontradas redes sociais em nome de Luciano e nem indícios de campanha política no período eleitoral”, assinala a PF.

Ainda constam na lista de candidatos laranjas Júlia Rodrigues Monteiro Barros, a ‘Dra Maju Monteiro’, e Karen Lúcia Santos Rechmann, a ‘Dra Karen Rechmann’. Elas concorreram, respectivamente, aos cargos de deputada federal e deputada distrital pelo PROS em 2022.

‘Dra Maju Monteiro’ recebeu R$ 400 mil para financiamento de sua campanha e a urna lhe deu 362 votos. Segundo a PF, foi a terceira candidatura com maior custo de voto no Distrito Federal, em se tratando do cargo de deputada federal. A investigação pontua não ter identificado redes sociais de Júlia e nem mesmo ‘indícios de ter havido campanha política durante o período eleitoral’.

A PF chegou a abrir um inquérito à parte para investigação sobre suposta apropriação indébita do fundo partidário, considerando que os principais fornecedores declarados por ‘Dra. Maju Monteiro’ têm sede em Boa Vista. Uma despesa que entrou no radar dos investigadores é o gasto de R$ 110 mil com marketing, sendo que, segundo a PF, ‘não há comprovante da suposta prestação do serviço’.

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O relatório da PF que embasou a Operação Fundo do Poço revela que ‘Dra Karen Rechmann’ recebeu R$ 100 mil para financiar sua campanha e levou 80 votos, custo médio de R$ 1,2 mil por voto.

A PF também não encontrou registros de campanha de Karen durante o período eleitoral e questiona, em especial, um gasto de R$ 34 mil com ‘serviço de coordenação de campanha e gerenciamento financeiro’. Despertou a atenção dos investigadores o fato de a empresa contratada ter capital social de R$ 1 mil e não possuir funcionários, sendo titularizada por uma pessoa filiada ao PROS/Solidariedade.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE EURÍPEDES JÚNIOR

A defesa do Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, presidente do SOLIDARIEDADE, esclarece que:

1- Após ter se licenciado do exercício das suas funções de dirigente partidário, o Sr. Eurípedes Gomes Macedo Júnior, voluntariamente, apresentou-se à Polícia Federal do Distrito Federal, para permitir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em seu desfavor.

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2- Os advogados que integram a sua defesa afirmam que o Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva.

José Eduardo Martins Cardozo e Fabio Tofic Simantob

COM A PALAVRA, OS CANDIDATOS E O SOLIDARIEDADE

A reportagem do Estadão pediu manifestação do Solidariedade e dos cinco candidatos sob investigação da Polícia Federal. O espaço está aberto (pepita.ortega@estadao.com)

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