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Laudo da PF revela escuta clandestina na cela de doleiro delator da Lava Jato em Curitiba

Perícia da Corregedoria da Polícia Federal diz que grampo ilegal ficou instalado na carceragem durante período de 12 dias em que Alberto Youssef ficou detido; defesa pode pedir anulação de delação

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Atualização:
Doleiro Alberto Youssef, que, segundo a Lava Jato, 'modernizou' métodos de lavar dinheiro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Laudo da Corregedoria da Polícia Federal (PF) aponta que uma escuta ilegal foi usada para ouvir conversas do doleiro Alberto Youssef enquanto ele esteve preso na superintendência da corporação em Curitiba.

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O documento aponta que o grampo clandestino ficou ativo entre 17 e 28 de março de 2014. A defesa do doleiro estuda pedir a anulação da delação de Youssef. A informação foi divulgada antes pela Veja.

O aparelho foi encontrado pelo próprio doleiro, quando ele ainda estava preso preventivamente, o que motivou a abertura de uma investigação interna da PF.

“O que se pode concluir, por tudo o que foi apurado nesta sindicância, é que houve, de fato, a realização de gravações ambientais em cela de custódia”, diz um trecho do relatório da apuração, obtido pelo Estadão.

Em depoimento, o doleiro relatou que encontrou uma ‘pequena caixa metálica de cor preta’ e que o aparelho estava ligado à rede elétrica.

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Laudo da PF confirma escuta em cela de Youssef Foto: Reprodução

A investigação administrativa atribuiu ao policial federal Dalmey Fernando Werlang a instalação do grampo e a coleta das conversas captadas. Ele admitiu que colocou a escuta na cela, mas disse que recebeu a ordem de superiores hierárquicos.

A perícia concluiu que as conversas captadas ‘levam a inferir que os interlocutores seriam presos da Operação Lava Jato’. Além de Alberto Youssef, estavam na mesma cela o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, o doleiro Luccas Pace Júnior, o delator Carlos Alexandre de Souza Rocha e o operador André Catão de Miranda.

O caso chegou ao conhecimento de Sérgio Moro, que na época era juiz da Operação Lava Jato. Ele notificou o Ministério Público Federal, a pedido da defesa, mas disse que não havia prova ‘direta, indiretamente ou mesmo remotamente’ dos grampos.

“As explicações das duas autoridades policiais afiguram-se, prima facie, plausíveis no sentido de que não haveria qualquer escuta ambiental contra o investigado, apesar da localização do aparelho, aparentemente inativo, na cela”, escreveu na ocasião. Procurado pela reportagem, Moro negou ‘qualquer envolvimento em relação a supostas escutas ilegais’.

Alberto Youssef fechou o primeiro acordo de delação premiada no Brasil, ainda no Caso Banestado. Ele foi preso novamente na Lava Jato, quando fechou outra colaboração, que impulsionou investigações contra dezenas de políticos envolvidos em corrupção na Petrobrás.

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