Atualizada às 12h32
Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso, Fausto Macedo e Andreza Matais
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 19, mais uma fase da Operação Lava Jato. Os alvos são a Construtora Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez - duas das maiores empreiteiras do País, suspeitas de corrupção e cartel. O presidente Marcelo Odebrecht e os diretores Márcio Faria, Alexandrino Alencar e Rogério Araújo, da Odebrecht, foram presos. O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e o executivo Flávio Lúcio Magalhães estão entre os presos. Até as 12h32, nove executivos haviam sido presos.
A força-tarefa estimou em R$ 200 milhões o valor das propinas pagas pela Andrade Gutierrez no esquema da Petrobrás. O valor da Odebrecht é ainda maior, R$ 510 milhões. Ao todo, as empreiteiras teriam pago R$ 710 milhões.
Márcio Faria e Rógerio Araújo estão sob suspeita desde setembro de 2014 quando foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás como responsáveis pelo pagamento de US$ 23 milhões de propina da Odebrecht para uma conta aberta na Suíça. Alexandrino Alencar é diretor de Relações Institucionais da Odebrecht e levou o ex-presidente Lula para Cuba, EUA, República Dominicana em janeiro de 2013.
Batizada da Operação Erga Omnes, a nova fase cumpre 59 mandados judiciais em quatro Estados - 38 mandados de busca e apreensão, nove mandados de condução coercitiva, oito mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária. Cerca de 220 policiais federais participam da operação. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba onde permanecerão à disposição da Justiça Federal.
Um dos locais é a sede da Odebrecht, em São Paulo. No fim de maio, a maior empreiteira do País afirmou à Polícia Federal, em petição, que "não participa de esquemas ilícitos, menos ainda com a finalidade de pagar vantagens indevidas a servidores públicos ou executivos de empresas estatais". A empresa rechaçou com veemência suspeitas sobre contratos com a Petrobrás.
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Em depoimento, o doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, afirmou que, além de operar propinas da empreiteira Andrade Gutierrez no esquema de desvios na Petrobrás, também operou US$ 600 mil do Caixa 2 da empresa às vésperas de ser pego na operação.
Segundo o delator, a movimentação teria sido realizada no final de 2013 e início de 2014 e atendido inclusive a um pedido da diretoria da empreiteira na Venezuela. "Foi uma operação de US$ 300 mil que mandei para a DGX (conta utilizada pelo doleiro no exterior) e duas operações de US$ 150 mil, que não têm nada a ver com a Petrobrás", relatou.
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"A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) confirma a operação da Polícia Federal em seu escritório em São Paulo e no Rio de Janeiro, para o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Da mesma forma, alguns mandados de prisão e condução coercitiva foram emitidos.
Como é de conhecimento público, a CNO entende que estes mandados são desnecessários, uma vez que a empresa e seus executivos, desde o início da operação Lava Jato, sempre estiveram à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Construtora Norberto Odebrecht"
COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ
"A Andrade Gutierrez informa que está acompanhando o andamento da 14ª fase da Operação Lava Jato e prestando todo o apoio necessário aos seus executivos nesse momento. A empresa informa ainda que está colaborando com as investigações no intuito de que todos os assuntos em pauta sejam esclarecidos o mais rapidamente possível. Este tem sido, inclusive, o procedimento da companhia desde o início das investigações, atendendo a convocações da Justiça ou comparecendo voluntariamente para apresentar documentos e prestar esclarecimentos, causando estranheza as prisões. A Andrade Gutierrez reitera, como vem fazendo desde o início das investigações, que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava Jato, e espera poder esclarecer todos os questionamentos da Justiça o quanto antes."
Veja quais são todas as fases da Operação Lava Jato:
1ª fase (17/03/2014) - PF deflagra a Operação Lava Jato em sete estados e cumpre 130 mandados judiciais;
2ª fase (20/03/2014) - PF cumpre 6 mandados de busca e 1 de prisão temporária;
3ª fase (11/04/2014) - PF cumpre 16 mandados de busca, 3 de prisão temporária e 6 de condução coercitiva;
4ª fase (11/06/2014) - PF cumpre 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão preventiva;
5ª fase (01/07/2014) - PF cumpre 7 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva;
6ª fase (22/08/2014) - PF cumpre 15 mandados de busca e 1 de condução coercitiva;
7ª fase (14/11/2014) - PF cumpre 49 mandados de busca, 6 de prisão preventiva, 21 de prisão temporária e 9 de condução coercitiva;
8ª fase (14/01/2015) - PF cumpre 1 mandado de prisão preventiva;
9ª fase (5/02/2015) - Operação My Way cita Vaccari e mais 10 operadores de propinas na Petrobrás;
10ª fase (16/03/2015) - PF deflagra 10ª fase da Lava Jato e Renato Duque é preso;
11ª fase (10/04/2015) - Três ex-deputados são presos em nova etapa da Lava Jato que apura publicidade da Caixa;
12ª fase (15/04/2015) - PF prende tesoureiro do PT em nova fase da Operação Lava Jato;
13ª fase (21/05/2015) - PF deflagra 13ª fase da Lava Jato