Na decisão em que determinou o afastamento do governador do Rio Wilson Witzel por 180 dias, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, apontou que o inquérito da Operação Placebo foi aberto inicialmente para apurar indícios de fraudes na instalação de hospitais de campanha e fornecimento de respiradores e medicamentos para o combate à pandemia da Covid-19, mas acabou identificando um suposto esquema de corrupção muito maior.
"Com o andamento das investigações, verificou-se, em tese, a existência de prováveis ilícitos muito mais abrangentes que aqueles referentes às ações de combate à pandemia de Covid-19, envolvendo o período que vai desde a campanha eleitoral de 2018 até a presente data, com acentuado aparelhamento do Estado - incluindo nomeações a cargos-chave, como Secretários de Estado, de pessoas de dentro do esquema e vinculadas aos (pelo menos) três grupos supostamente criminosos, a exemplo de Lucas tristão e Edmar Santos -, bem ainda elevadas somas de dinheiro e pagamentos de verba, por meio de contratos supostamente forjados, diretamente ao Governador, numa complexa teia de relações de quiçá centenas de pessoas físicas e jurídicas", afirmou o ministro.
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A DECISÃO DE BENEDITO
Benedito considerou que a 'ordem pública mostra-se vulnerada, ante a prática de atos delitivos desde antes da eleição, em 2018, e durante os anos de 2019 e 2020, até o presente momento'. Nessa linha, ele considerou que a prisão preventiva de um grupo de investigados seria necessária e adequada, 'como o único meio para fazer cessar tais atividades criminosas, maximizadas pela emergência decorrente da pandemia, impedindo-se a reiteração delitiva'.
Os seis citados por Benedito são alvos da Operação Tris in Idem desencadeada na manhã desta sexta, 28: empresário Mário Peixoto, os supostos operadores Alessandro de Araújo Duarte e Cassiano Luiz da Silva, o sócio de Peixoto Juan Elias de Paula, o político e ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão do Carmo.
Os cerca de 380 policiais federais que participam das ações cumprem ainda outros 11 mandados de prisão temporária e fazem 72 buscas em seis Estados e no Distrito Federal. O Pastor Everaldo, presidente do PSC, foi um dos presos na ofensiva.
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