Ao longo dos últimos dois anos, a Polícia Federal (PF) investigou o desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo, por suspeita de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais. O caso só veio a público em junho, quando o gabinete e a casa do magistrado foram palco de buscas na Operação Churrascada. O inquérito chega ao fim com o indiciamento do desembargador por cinco crimes – corrupção passiva, lavagem de dinheiro, associação criminosa, advocacia administrativa e violação de sigilo funcional.
Ivo de Almeida alega ser inocente. Segundo o desembargador, seu nome foi usado por terceiros, pessoas do seu convívio, para negociar decisões, mas tudo sem que tivesse conhecimento.
Em nota, os advogados Átila Machado e Luiz Augusto Sartori de Castro, que representam o magistrado, afirmam que o indiciamento é “arbitrário e ilegal”.
“Os depoimentos e as perícias realizadas no curso do inquérito policial, para além de comprovarem a absoluta inocência do desembargador, demonstram que ele foi vítima de um ex-amigo – falecido em 2019 – que vendia ilusões valendo-se do nome e do prestígio do magistrado, sem que este soubesse de nada e, principalmente, tivesse qualquer ganho financeiro”, afirma a defesa.
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Para a Polícia Federal, o uso de dinheiro vivo liga o desembargador ao esquema. Ivo de Almeida tinha o hábito de pagar faturas do cartão de crédito com recursos em espécie e vinha declarando esse dinheiro no Imposto de Renda sem apresentar comprovação da origem.
O relatório final da investigação foi entregue pelo delegado André Luiz Barbieri ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Cabe agora ao ministro Og Fernandes, relator do caso, decidir os próximos passos.
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