A Polícia Federal analisou mais de três horas e 45 minutos de gravação das câmeras de segurança para elaborar o relatório de 51 páginas em que apontou uma ‘aparente agressão’ ao filho do ministro Alexandre de Moraes durante ‘entrevero’ no Aeroporto Internacional de em Roma, em julho. Produzido e assinado pelo agente de Polícia Federal classe especial Clésio Leão de Carvalho, o documento exibe 146 ‘frames’ do vídeo e diz apresentar uma ‘interpretação parcial’ do que ocorreu no saguão de Fiumicino.
A avaliação que consta do relatório da PF é a de que o empresário Roberto Mantovani Filho e sua mulher Andrea Munarão tiveram uma ‘atitude hostil e agressiva’ que ‘contribuiu sobremaneira para o desencadeamento de discussão com o filho do ministro Alexandre de Moraes, que culminou com uma aparente agressão física’.
‘PUXOU O FILHO PARA SI’ (LEIA O RELATÓRIO)
“Salvo melhor juízo, bem como a se considerar outros indícios e elementos de provas que possam vir a compor os autos da investigação, as imagens do Aeroporto Internacional de Roma permitem concluir que Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão provocaram, deram causa e, possivelmente, por suas expressões corporais mostradas nas imagens, podem ter ofendido, injuriado ou mesmo caluniado o ministro Alexandre de Moraes e seu filho Alexandre Barci de Moraes no Aeroporto Internacional de Roma, vindo a desencadear uma agressão por parte de Roberto Mantovani em desfavor de Alexandre Barci, que foi atingido no rosto com um aparente tapa, com as costas da mão direita, dado por Mantovani durante a discussão”, registra trecho das considerações finais do relatório.
O documento foi encartado ao inquérito que tramita no STF, sob relatoria do ministro Dias Toffoli, no último dia 22. A investigação foi tornada pública nesta quarta, 4, mas Toffoli manteve o sigilo sobre o CD que guarda a íntegra das imagens do ‘entrevero’ envolvendo a família de Moraes e os Mantovani.
De outro lado, o relatório de análise produzido pela PF reproduz parte das imagens do Aeroporto de Roma. No documento, o agente Carvalho narrou um encadeamento de ações a partir da expressão corporal observada nas imagens de Fiumicino. Ele destaca, por exemplo, uma ‘sequência de gestos e verbalizações’ por parte de Andrea, após ela ver o ministro do STF na sala VIP. O agente aponta ‘indignação da senhora com a presença’ do magistrado.
O relatório destaca que Mantovani ‘apresentou uma postura que chamou a atenção, tendo impulsionado seu corpo sobre Barci’. Teve início, então, uma discussão entre o empresário e o filho de Moraes. Segundo a análise da PF, Mantovani ‘levantou a mão direita e atingiu o rosto (ou os óculos) de Alexandre Barci, deslocando ou fazendo sair de sua face o acessório do filho do ministro’.
A briga teria sido apartada, em um primeiro momento, por um terceiro, mas depois houve um ‘segundo encontro’ entre o empresário e o filho de Moraes.
O laudo da PF diz não ter sido possível visualizar as expressões dos envolvidos neste outro momento em razão de um funcionário do aeroporto ter estacionado um carrinho de lixo quase em frente à sala de espera VIP.
A PF indica ainda que, em seguida, o ministro do STF saiu da sala e ‘puxou o filho para si, retirando-lhe do saguão e dando fim à discussão’.
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