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Moraes ordena derrubada de vídeos e textos com acusações da ex de Arthur Lira

Após impor multa de R$ 700 mil ao X por manutenção de posts que chamam de ‘estuprador’ presidente da Câmara, ministro do STF manda excluir publicações do jornal Folha de São Paulo, portal Terra, canal Mídia Ninja e Brasil de Fato

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Foto do author Pepita Ortega
Atualização:
O presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes Foto: Marina Ramos/Agência Câmara

Após multar o X em R$ 700 mil pela manutenção de publicações que chamavam o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira de “estuprador”, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a derrubada de vídeos do jornal Folha de S.Paulo e do canal Mídia Ninja e também de textos do portal Terra e do Brasil de Fato, que versavam sobre acusações da ex-mulher do parlamentar.

Em decisão assinada nesta terça, 18, o ministro estendeu os efeitos de um despacho que, no último dia 13, determinou ao X a remoção de sete publicações na rede social sobre Lira.

A nova ordem atinge dois links do Youtube, links dos sites do Brasil de Fato e do Terra, além de outras dez publicações no X sobre o presidente da Câmara.

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No despacho, Moraes sustenta que ‘embora todas as opiniões existentes sejam possíveis em discussões livres, uma vez que faz parte do princípio democrático “debater assuntos públicos de forma irrestrita, robusta e aberta”, isso não se aplica àquelas que constituam ilícitos’.

O ministro repetiu máximas, como o chamado binômio “liberdade e responsabilidade”, lembrando que não há no ordenamento jurídico direito absoluto à liberdade de expressão e que “não há direito no abuso de direito“, parafraseando o colega Edson Fachin.

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O presidente da Câmara fez o pedido de retirada das postagens no bojo de uma reclamação em que a Agência Pública questionou a derrubada de reportagem sobre ele, intitulada ‘Ex mulher de Lira o acusa de violência sexual’.

Arthur Lira pediu para atuar como ‘interessado’ no processo e solicitou a remoção de links do X.

Depois de conseguir o despacho no último dia 13, Lira voltou a acionar o STF com pedidos de extensão, para que o mesmo entendimento inicialmente fixado pelo ministro Alexandre de Moraes fosse aplicado a outras publicações no X e, ainda, a reportagens.

Os vídeos e textos em questão continham frases de Julyenne Lins sobre supostas agressões físicas que teria sofrido o então marido. Em 2015, Lira foi absolvido no bojo do processo. A versão de Jullyene é a de que ela foi ameaçada para que mudasse seu depoimento na ação.

A reclamação sobre a reportagem da Agência Pública segue em tramitação no STF. Em decisão monocrática, Moraes negou recurso da companhia, que pedia uma ordem para que a matéria pudesse ser recolocada no ar. O ministro entendeu que não houve censura prévia no caso.

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A Agência recorreu argumentando que ‘viu cerceado o direito ao exercício da liberdade de expressão, constitucionalmente assegurado, uma vez que a matéria em questão foi realizada com o respeito aos limites éticos do melhor jornalismo’.

Em julgamento iniciado em abriu, Moraes votou por negar o pedido da Pública. O posicionamento foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin e Luiz Fux. A ministra Cármen Lúcia pediu vista - mais tempo para análise - suspendendo a análise do caso. Ela tem 90 dias para devolver a ação à pauta do STF.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIZ FRANCISCO CARVALHO, QUE REPRESENTA A FOLHA

Considero uma decisão equivocada e inconstitucional. O Supremo não existe para a satisfação de interesses privados de pessoas públicas.

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