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Moraes manda suspender X (Twitter) no Brasil e multar em R$ 50 mil quem burlar bloqueio com VPN

Ministro do Supremo Tribunal Federal determina que rede social saia do ar imediatamente e permaneça bloqueada até que cumpra determinações judiciais

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Lavínia  Kaucz
Atualização:

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou suspender a rede social X após o empresário Elon Musk, dono da plataforma, se recusar a nomear um representante para responder pela empresa no Brasil. Ele afirma que a plataforma tentou se esquivar da jurisdição brasileira “com a declarada e criminosa finalidade de deixar de cumprir as determinações judiciais”.

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O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Carlos Baigorri, deve cumprir a decisão em 24 horas. O órgão já começou a notificar os provedores de internet.

A suspensão “imediata, completa e integral” vale até o X nomear um responsável – pessoa física ou jurídica – pelas operações no território brasileiro e também pagar as multas impostas pelo STF por descumprir bloqueios a perfis na rede social. O valor ultrapassa R$ 18 milhões.

O prazo para a nomeação expirou ontem às 20h07. O X foi intimado por meio da própria rede social. O perfil institucional do STF publicou a intimação e marcou as contas do escritório global da plataforma e de Elon Musk. O tribunal nunca tinha feito uma intimação pelas redes sociais. A empresa anunciou que esperaria o bloqueio de Moraes “simplesmente porque não cumprimos suas ordens ilegais para censurar seus opositores políticos”.

O ministro estabeleceu uma multa diária de R$ 50 mil para quem tentar burlar o bloqueio ao X por meio de VPN – ferramenta que permite omitir a localização de acesso à internet. Esses usuários também podem responder criminalmente, segundo a decisão.

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Para evitar que o embargo seja desrespeitado, Moraes determinou que Apple e Google imponham “obstáculos tecnológicos capazes de inviabilizar” o acesso ao X e retirem o aplicativo de suas lojas virtuais. Uma ordem semelhante foi emitida a provedores de serviço de internet. As big techs foram procuradas, mas não comentaram a decisão.

Alexandre de Moraes afirma que Elon Musk tenta de manter à margem da lei brasileira. Foto: Trevor Cokley/Força Aérea dos EUA e Pedro Kirilos/Estadão

A decisão de Alexandre de Moraes tem 51 páginas. Ao longo do documento, o ministro retoma o histórico de descumprimento de ordens do STF. Ele afirma que Elon Musk “demonstrou seu total desrespeito à soberania brasileira e, em especial, ao Poder Judiciário”.

“A flagrante conduta de obstrução à Justiça brasileira, a incitação ao crime, a ameaça pública de desobediência as ordens judiciais e de futura ausência de cooperação da plataforma são fatos que desrespeitaram a soberania do Brasil e reforçam à conexão da dolosa instrumentalização criminosa das redes”, escreveu o ministro.

A decisão menciona declarações públicas do empresário sobre o STF. O bilionário desafiou o ministro ao defender que ele renunciasse ou sofresse impeachment. Também ameaçou descumprir ordens para bloquear perfis na plataforma alegando sofrer censura.

Segundo Moraes, Elon Musk “iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação” do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro afirma que há indícios de que o empresário age deliberadamente para favorecer a “instrumentalização criminosa” da rede social contra as instituições democráticas.

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Trecho da decisão do ministro Alexandre de Moraes que mandou suspender o X no Brasil. Foto: Reprodução

Outro argumento usado pelo ministro é que, com a proximidade das eleições municipais, a empresa precisa manter um canal no Brasil para evitar a disseminação de notícias falsas.

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Para Moraes, o fechamento do escritório da plataforma no Brasil, às vésperas do pleito, seria uma estratégia velada permitir a divulgação de fake news sem correr o risco de responder pelas transgressões. O objetivo, argumenta o ministro, seria favorecer grupos populistas extremistas.

“A tentativa da Twitter International Unlimited Company em colocar-se à margem da lei brasileira, às vésperas das eleições municipais de 2024, demostra seu claro intuito de manter e permitir a instrumentalização das redes sociais, com a massiva divulgação de desinformação e com a possibilidade da nociva e ilícita utilização da tecnologia e inteligência artificial para direcionar, clandestinamente, a vontade do eleitorado”, alega Moraes.

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