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Opinião | Música e fases da vida

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convidado
Por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira

Não deve haver ser humano que não tenha na infância sido embalado por músicas. Canções  de ninar; cantigas de roda; músicas natalinas e músicas juninas. Com o passar dos anos as melodias nos acompanham e sua variação se dá de acordo com as fases da vida. Claro que na juventude os acordes coincidem com o estágio de nosso envolvimento sentimental. Difícil existir um casal que no início do namoro não possua uma música inspiradora, adotada como a “nossa música”. Não é necessariamente uma única, pois depende do número de romances que cada um teve.

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No curso da existência se faz a correlação de  pessoas, acontecimentos, locais, com algumas composições. Por vezes, desconhece-se  a razão dessa ligação. Ouve-se a melodia e lembra-se de alguém ou de um fato sem se saber exatamente o porquê. No meu caso certas músicas recordam-me o dia em que ocorreu isso ou aquilo, ou me trazem à mente a figura de um parente ou antigo amigo. Indago a razão e não tenho a resposta. Minha mãe afirmava que eu sempre lhe dizia que certa música tocara no dia do meu nascimento. Vá entender!!!

Canções que ficaram gravadas em minha memória desde sempre, a começar da infância são todas de roda; além de “Casinha Pequenina”; “Meu Limão meu Limoeiro”; “Tristeza do Jeca”; “Felicidade”; “Sereno”; “Malvada Pinga”; “Lampião de Gás; “Rancho Fundo”; “Luar do Sertão”; “Feitio de Oração”; “Naquela Mesa”, entre muitas outras.

Quando temos alguma desilusão amorosa gravamos na memória sambas canções e as chamadas “dor de cotovelo” essas com a evocação imediata do compositor Lupicínio Rodrigues.

Locais e cidades nos remetem a certas melodias. Melhor dizendo, melodias trazem à lembrança cidades e lugares. Os exemplos mais eloquentes são “Cidade Maravilhosa” e " Lampião de Gás”, que respectivamente evocam Rio e São Paulo. Mas há outras e muitas outras, que cantam bairros, como o Brás, Vila Esperança, Santa Efigênia, Copacabana, a Lapa, e tantas outras evocativas dos bairros e das praias de outras cidades como Salvador. Nesse setor de músicas que cantam cidades e bairros, devem ser destacados Adoniram Barbosa, Dorival Caymmi e Inezita Barroso e outros. O Brasil obviamente não ficou fora do alcance de nossas composições. Destaca-se Ary Barroso, com a “Aquarela do Brasil” e outros chamados samba exaltação. O compositor Alcyr Pires Vermelho também se dedicou a esse gênero.

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A partir de 1964 com o golpe militar, mais especificamente nos anos setenta surgiram as excepcionais músicas de protesto, juntamente com excepcionais compositores da época: Caetano Veloso; Chico Buarque; Gil; Sérgio Ricardo; Aldir Blanc; João Bosco; e inúmeros outros compuseram letras inteligentes, repletas de sutilezas e argúcia para enganar os censores, todas elas verberando a falta de liberdade que nos fora imposta.

Na sequência desses singelos escritos sobre música popular brasileira irei abordar temas, compositores e composições fazendo uma conjugação com fatos, comportamentos, locais, episódios históricos, sentimentos os mais variados, personalidades, enfim vou procurar fazer uma junção da música com vida em seu sentido mais amplo.

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Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
Advogado. Foto: Iara Morselli/Estadão
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