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Novo delator da Lava Jato vai pagar R$ 40 milhões de multa

Julio Camargo atuava em nome da Toyo Setal, que se dispôs a colaborar; ele já depôs e falou sobre ex-diretor de Serviços da Petrobrás, Renato Duque

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Foto do author Fausto Macedo
Atualização:

Fausto Macedo e Ricardo Brandt

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O executivo Julio Camargo, apontado como elo de empreiteiras com o esquema de corrupção na Petrobrás, aceitou pagar multa de R$ 40 milhões no âmbito da delação premiada que fechou com o Ministério Público Federal, segundo os investigadores da Operação Lava Jato.

Camargo depôs na semana passada para três procuradores da República e um delegado da PF. Eles insistiram em saber de suas relações com o ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, engenheiro Renato Duque. Uma pergunta reiterada a Camargo é se ele fez depósitos no exterior para Duque.

Petrobrás é cobrada por PF e pelo CADE por medidas de controle contra desvios e cartéis 

Julio Camargo falava em nome da Toyo Setal Empreendimentos, que se dispõe a colaborar com as investigações. Ele é o terceiro alvo da Lava Jato que firma acordo de delação premiada. Com a delação, Camargo pode obter acentuada redução de pena, até mesmo o perdão judicial. A multa de R$ 40 milhões, no entanto, ele terá que de pagar. Antes, fez a colaboração o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que citou pelo menos 32 parlamentares como supostos beneficiários do esquema de corrupção e propinas na estatal petrolífera.

O doleiro Youssef está fazendo delação, interrompida porque foi hospitalizado sábado, 25. Julio Camargo temia ser preso a qualquer momento pela Lava Jato, que entrou em sua segunda etapa, agora concentrando fogo nas empreiteiras.

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Apavorado, Camargo resolveu contar o que sabe. Seu relato confirma a existência do cartel das construtoras na Petrobrás. O grande conluio já havia sido revelado por Paulo Roberto Costa, mentor do esquema de propinas da estatal. Camargo já confirmou o envolvimento direto de pelo menos duas gigantes da construção.

A Toyo Setal, que Camargo representava, realiza atividades de projeto, construção e montagem na modalidade de EPC (Engenharia, Suprimentos e Construções), em unidades industriais, nos segmentos de óleo e gás, petroquímica, química, mineração, infraestrutura, plantas de geração de energia e siderurgia.

A Toyo trabalha também com estaleiros, na fabricação e serviços de construção de módulos para plataformas offshore, incluindo unidades de geração de energia elétrica, de compressão de gás e de processamento de petróleo.

A Toyo e Julio Camargo aparecem em uma planilha que a PF apreendeu. O documento indica contribuições de Camargo a partir de março de 2010, provavelmente para a campanha eleitoral daquele ano.

A empresa e ele foram citados pelo ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça Federal. Costa apontou suposto envolvimento de Duque no esquema,

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Na campanha eleitoral de 2010, Camargo ficou entre os maiores doadores de pessoa física. Ele doou um total de R$ 1,12 milhão para dez candidatos ao Senado, à Câmara dos Deputados e às Assembleias Legislativas de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

O maior beneficiário foi o então candidato a senador do PT do Rio Lindbergh Farias, que ficou com R$ 200 mil. Ele deu ainda R$ 100 mil para as campanhas ao Senado de Marta Suplicy (PT-SP) e R$ 100 mil para Delcídio Amaral (PT-MS).

Camargo é o controlador de três companhias (Piemonte, Auguri e Treviso) que recebiam aportes de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, alvo da Lava Jato.

No fluxograma do dinheiro movimentado por Youssef na GFD Investimentos (um total de R$ 78 milhões) de janeiro de 2009 a dezembro de 2013 a Piemente colocou R$ 8, 5 milhões. A Treviso repassou R$ 4,4 milhões. A suspeita da PF é que esse dinheiro era distribuído com deputados e senadores.

COM A PALAVRA, O ENGENHEIRO RENATO DUQUE Por meio de sua assessoria de imprensa, Renato Duque disse desconhecer "o conteúdo de qualquer depoimento de Julio Camargo". O engenheiro assinala que não é acusado de nenhum crime e afirma não saber de crimes na Petrobrás durante sua gestão na Diretoria de Serviços. Ele destacou que "está à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento que se fizer necessário".

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A assessoria assinalou que Duque já entrou com ação penal privada contra Costa por crime contra a honra. "Paulo Roberto terá o direito de provar a suposta veracidade das acusações falsas que fez a Duque."

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EXECUTIVO JULIO CAMARGO A criminalista Beatriz Catta Preta, que representa o executivo Julio Camargo, não se manifestou.

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