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Após novo depoimento sobre blitzes da PRF na eleição 2022, Torres quer reverter indiciamento

Ex-ministro da Justiça foi ouvido pela Polícia Federal nesta segunda, 14, sobre operações da Polícia Rodoviária Federal no segundo turno das eleições de 2022

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Foto do author Rayssa Motta
Atualização:

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi ouvido nesta segunda-feira, 14, sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022. Ele prestou depoimento à Polícia Federal (PF) por videoconferência por cerca de duas horas.

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A defesa informou que o ex-ministro respondeu a todas as perguntas e “demonstrou sua disposição em auxiliar na busca da verdade dos fatos”.

Após a oitiva, o advogado Eumar Novacki, que representa o ex-ministro, informou que vai pedir a reconsideração do indiciamento de Anderson Torres. Ele foi indiciado antes da conclusão da investigação, o que pegou a defesa de surpresa.

A PRF faz parte da estrutura administrativa do Ministério da Justiça.

Anderson Torres prestou novo depoimento à PF; ele já havia sido ouvido na investigação sobre as operações da PRF nas eleições de 2022. Foto: Wilton Junior/Estadão

A PF pediu o indiciamento do ex-ministro e do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, por considerar que eles usaram a corporação para impedir o deslocamento de eleitores na região Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e com isso tentar beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Segundo a PF, a conduta se enquadra no crime de violência política, descrito no Código Penal como “restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

A pena, em caso de condenação, pode variar entre três e seis anos de reclusão.

Também foram indiciados quatro policiais federais que, na época, estavam cedidos ao Ministério da Justiça. São eles: Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, Fernando de Sousa Oliveira, Leo Garrido de Salles Meira e Marília Ferreira de Alencar.

Anderson Torres já havia sido ouvido pela Polícia Federal. O primeiro depoimento foi prestado em maio de 2023. Na ocasião, afirmou que PRF tem autonomia para fazer o próprio planejamento operacional na eleição e que, como ministro, ele não tinha a prerrogativa de vetar o plano de ação. Também negou ter dado ordem para a PRF priorizar operações no Nordeste.

Duas descobertas arrastaram Anderson Torres para a investigação: uma viagem do ex-ministro à Bahia dias antes do segundo turno e um relatório de inteligência, produzido pela pasta, com detalhes dos locais de votação onde Lula venceu com ampla margem no primeiro turno.

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Em seu primeiro depoimento, Anderson Torres admitiu que recebeu uma lista dos locais de votação em que Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno. Segundo ele, o mesmo mapa foi produzido sobre Bolsonaro. O objetivo, de acordo com o ex-ministro, era “relacionar crimes eleitorais”.

Anderson Torres disse ainda que a viagem a Salvador, em 25 de outubro, cinco dias antes do segundo turno, não teve relação com a eleição. Ele afirmou que foi participar da entrega de uma obra da Superintendência da Polícia Federal na Bahia. O ex-ministro admitiu, no entanto, que participou de uma reunião com o então diretor-geral da Polícia Federal Márcio Nunes, e o ex-superintendente da corporação na Bahia, Leandro Almada, para falar sobre a eleição.

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