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Opinião | O antissemitismo e as perdas humanas em Israel e Gaza

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Por Celeste Leite dos Santos* e Gabriel Isique Bacal*

Não há como se calar e não se mostrar empático ao que está acontecendo no oriente médio, neste momento. O Instituto Brasileiro de Atenção e Proteção Integral às Vítimas (Pró-Vítima) é solidário a todos os que se encontram em meio ao fogo cruzado em Israel e na Faixa de Gaza, incluindo brasileiros e suas famílias. Não está em questão, tão somente, a guerra e suas motivações religiosas e territoriais, mas, sobretudo, a crueldade impressa nas execuções em massa e de inocentes, incluindo idosos e bebês, sejam judeus ou palestinos.

Celeste Leite dos Santos e Gabriel Isique Bacal Foto: MPD/Divulgação

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É intolerável a crueldade contra civis praticada pelo grupo Hamas, que controla, não de hoje, a Faixa de Gaza. Estes terroristas não representam a maioria dos palestinos, mas impõem autoritarismo, coerção, marginalização e fundamentalismo.

A resposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que, por sua vez, também não tem legitimidade para representar a maioria israelense, é questionável, enquanto civis ainda são vítimas do sequestro por parte do Hamas, do caos e da barbárie.

O Pró-Vítima defende soluções para o tema: a instituição de dois estados nacionais (Israel e Palestina), o reconhecimento do direito de Israel de existir de forma autônoma e de se defender; o direito do povo judeu na qualidade de originário da região; a conscientização do antissemitismo; e o fim das ocupações nos territórios palestinos, com a garantia de dignidade. Isso tudo seguida da libertação de sequestrados e do fim do conflito deflagrado na semana passada.

Outro problema desta guerra é a desinformação nas redes sociais. A maioria dos judeus e dos muçulmanos deseja a paz e merece respeito. Na maior parte da história, conviveram em tranquilidade. Portanto, é absurda a responsabilização deles. Independentemente das diferenças, todos merecem respeito; todos merecem viver.

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Estamos vendo generalizações e desumanizações de grupos, além de distorções de dados, relativização política e falas discriminatórias e extremistas. Não podemos deixar que prevaleça o preconceito e o ódio, nem que se repita o Holocausto, que levou ao genocídio de 6 milhões de judeus em campos de concentração e que foi motivado pela desinformação da Alemanha Nazista, de Adolph Hitler.

Os nazistas, em meio às crises, se valeram da distorção de valores e do uso da violência para culpar os judeus pelo caos, o que impulsionou o antissemitismo. Esta forma de preconceito é estrutural e pode ser expressa de maneiras diversas, inclusive por pessoas não judias. Nesta estreia de pensamento, é comum a utilização de palavras como “judiação”, ou de referências tendenciosas e pejorativas, de teorias da conspiração, e de falas dogmáticas políticas.

Nota-se, ainda, parco ou total desconhecimento quanto à judaicidade, das relações de Israel com o resto do mundo, e quanto ao apoio de grupos e de pessoas ao nazismo, e sobre o eugenismo com ameaças diretas.

O preconceito com o povo judeu é um dos tipos de discriminação mais antigos com perseguição histórica. A comunidade judaica se autoajuda, não só por obrigação religiosa, mas por força da cultura que a construiu e a constituiu. Judeus, via de regra, são resilientes perante conflitos, entendendo, intrinsicamente, como superar os desafios da vida e das tragédias - justamente por vivenciarem tanto situações como estas.

O Instituto Pró-Vítima tem como premissa agir contra toda forma de discriminação. Estamos aqui para colaborar com a comunidade judaica contra o antissemitismo, que tem aumentado, indiscutivelmente, no Brasil e no mundo, e a favor dos direitos e das necessidades das vítimas. Pedimos, assim, à sociedade, mais empatia e menos ódio. É preciso dizer “não” ao terrorismo, à desumanização, à generalização e à desinformação.

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Digamos, ainda, “não” ao antissemitismo e à islamofobia, pela paz em Israel e na Palestina!

*Celeste Leite dos Santos é doutora em Direito Civil; mestre em Direito Penal; promotora de Justiça; coordenadora do Grupo de Estudos de Gênero do Ministério Público (MP) de São Paulo; presidente do Instituto Pró-Vitima; coordenadora da Revista Internacional de Vitimologia e Justiça Restaurativa; e idealizadora da lei federal de importunação sexual

*Gabriel Isique Bacal é formado em Ciências Políticas, pela California State University Northridge (CSUN); especialista em Assuntos de Governo e em Políticas Públicas e Comportamentais; e assistente de Projetos no Instituto Pró-Vítima

Este texto reflete a opinião do(a) autor(a). Esta série é uma parceria entre o blog e o Movimento do Ministério Público Democrático (MPD). Os artigos têm publicação periódica

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