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Opinião | O governo de Milei

Impõem-se posições intermediárias na administração, que preservem o “estômago” dos mais debilitados socialmente. Aí está o grande desafio de Milei

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convidado
Por Ney Lopes

O presidente Javier Milei da Argentina tem muito o que comemorar. Propagava-se, que o seu Governo não duraria nem três meses. Entretanto, a realidade tem sido outra. O excêntrico libertário de extrema direita cumpriu duas de suas principais promessas: eliminar o déficit fiscal do governo e conter a alta inflação. A economia está crescendo novamente. O peso argentino foi que mais valorizou no mundo, acima de 40%.

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Largada do governo

No primeiro ano, foram extintos 10 ministérios, 100 secretarias e subsecretarias, 200 áreas com funções duplicadas e demitidos 34 mil funcionários públicos. Superou as expectativas, mas terão vários desafios pela frente. Um risco político fundamental para Milei é a dificuldade de navegar em uma legislatura onde seu partido, La Libertad Avanza , não tem maioria. Isso exige que ele negocie com grupos de oposição para aprovar reformas essenciais, muitas vezes levando a compromissos políticos.O apoio de Milei entre os eleitores é seu principal escudo contra as pressões de políticos, para relaxar a austeridade fiscal. A vitória de Milei gerou dúvidas. Previa-se o declínio da Argentina pela sua inexperiência política e administrativa. Na tentativa de revolucionar a gestão econômica, poderia “incendiar o país”. Antes de sua eleição para o Congresso, em 2021, ele era mais conhecido como um comentarista de TV gritando que havia clonado seus cães. No primeiro turno da eleição, ele ganhou apenas 30% dos votos. Eu mesmo pensei no fracasso do novo presidente.

Outra realidade

Em junho, após seis meses de disputas públicas e acordos privados, Milei e os legisladores concordaram com um grande projeto de reforma pró-mercado, incluindo incentivos para empresas que investissem pelo menos US$ 200 milhões, a privatização de várias empresas estatais e reformas trabalhistas. Alcançou sucesso considerável, particularmente em três frentes: combater a inflação, reduzir o déficit orçamentário e melhorar as condições de investimento e a lei de arrendamento.

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Agradecimento

Javier Milei começa o segundo ano de Governo agradecendo aos argentinos “pelo comovedor sacrifício de 2024″, prometendo “tempos felizes em 2025″ porque “o pior já passou”. Ele quer acabar com a economia protecionista planejada do peronismo, que levou a Argentina ao chão e sufocou seu grande potencial econômico por meio da regulamentação excessiva e da redistribuição clientelista.

A conclusão é que no primeiro ano, o governo Milei demonstra consideráveis êxitos na política de estabilidade interna, naturalmente com um preço social caríssimo. No poder, os métodos da ultradireita de “arrocho” fiscal e da ultraesquerda do “paternalismo” são igualmente ineficazes. Impõem-se posições intermediárias na administração, que preservem o “estômago” dos mais debilitados socialmente. Aí está o grande desafio de Milei. Aguardemos.

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Ney Lopes
Jornalista, advogado e ex-deputado federal. Ex-presidente da CCJ da Câmara Federal, ex-presidente do Parlamento Latino-Americano e procurador federal. Foto: Arquivo pessoal
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