PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Opinião|O novo capítulo da Revisão da Vida Toda no STF e a esperança dos aposentados

Ao contrário do que o Governo Federal alegou, que a revisão geraria aos cofres públicos uma despesa de R$ 480 bilhões ao longo dos anos, ao somar o pagamento das diferenças até que todos os benefícios revistos fossem extinto, o Ieprev demonstrou estudos e cálculos atualizados que demonstram que os valores chegariam, no máximo, a R$ 3,1 bilhões

PUBLICIDADE

convidado
Por João Badari
Atualização:

A partir do próximo dia 23 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) voltará a analisar, em Plenário Virtual, a Revisão da Vida Toda. O tema volta à pauta após decisão de março deste ano, em julgamento que a Corte Superior não considerou válida a possibilidade de incluir salários anteriores a julho de 1994 no cálculo da aposentadoria, decisão que contrariou determinação do próprio Plenário do STF, que em dezembro de 2023, por maioria de 6 votos a 5, reconheceu a constitucionalidade da revisão. A mudança de caminho afetou milhares de segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo país.

PUBLICIDADE

Nesse retorno, a Corte irá avaliar o recurso do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) que procura o esclarecimento dos pontos da decisão de março de 2024, além de garantir a validade das ações judiciais já decididas pelo próprio Supremo. Ou seja, os ministros analisarão recurso contra decisão que derrubou a possibilidade de pedido da correção ao julgar duas ações de 1999, as ADIs (Ações Direta de Inconstitucionalidade) 2.110 e 2.111.

O Ieprev deseja que a nova decisão seja aplicada apenas a partir de 21 de março de 2024, não afetando os processos que já garantiram a revisão aos segurados.

Vale ressaltar que se essa solicitação do Ieprev for atendida, muitos aposentados poderão manter os benefícios que já conseguiram judicialmente, o que representa um alívio significativo para essa parcela da população.

A Revisão da Vida Toda já está no centro do debate jurídicos por alguns anos. A revisão nasceu em uma tese jurídica, que através de uma ação judicial, na qual os aposentados requisitam a correção do benefício utilizando salários de toda a sua vida laboral, antes e depois de julho de 1994. Importante lembrar que os ministros do STF já decidiram que o artigo 3º da lei 8.213, que instituiu o fator previdenciário, é constitucional e obrigatório. E, assim, o aposentado poderá se valer do direito de usar todos os salários no cálculo de sua aposentadoria.

Publicidade

Um ponto fundamental para essa nova análise do STF é que, ao contrário do que o Governo Federal alegou que a revisão geraria aos cofres públicos uma despesa de R$ 480 bilhões ao longo dos anos, ao somar o pagamento das diferenças até que todos os benefícios revistos fossem extinto, o Ieprev demonstrou estudos e cálculos atualizados que demonstram que os valores chegariam, no máximo, a R$ 3,1 bilhões.

Isso porque, de acordo com o levantamento do Ieprev, existem 102 mil ações válidas distribuídas anteriormente a 21 de março deste ano, sendo que mais da metade garantiriam atrasados de até 60 salários-mínimos, chamados de RPVs (Requisições de Pequeno Valor). Assim, o impacto seria de R$ 210 milhões a R$ 420 milhões ao ano, o que traria gastos de R$ 1,5 bilhão ao longo de dez anos e, na pior das hipóteses, R$ 3,1 bilhões. Um impacto bem menor do que o que os números utilizados pela União para negar esse direito aos aposentados brasileiros.

Convidado deste artigo

Foto do autor João Badari
João Badarisaiba mais

João Badari
Advogado especialista em Direito Previdenciário e sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados. Foto: Arquivo pessoal
Conteúdo

As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.