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OAB de SP estuda ação na Justiça contra ‘ouvidoria paralela’ das polícias anunciada por Tarcísio

Alberto Zacharias Toron, presidente da comissão de segurança pública da OAB de São Paulo, defende ‘atuação firme’ da entidade; Estadão pediu posicionamento do governo

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Foto do author Rayssa Motta

A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) estuda acionar a Justiça para tentar barrar a criação da nova Ouvidoria da Segurança Pública anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

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Com o apoio da direção da entidade, o criminalista Alberto Zacharias Toron, presidente da comissão de segurança pública da OAB de São Paulo, está em contato com associações da sociedade civil e com a Defensoria Pública de São Paulo para definir a melhor estratégia de ação.

Até o momento, despontam duas alternativas. A primeira é o ajuizamento de uma ação civil pública. A segunda é acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma ação de descumprimento de preceito fundamental.

“Os últimos atos de violência policial não são isolados, são reflexo de uma nova mentalidade. Isso é muito grave, porque é estrutural. Precisamos de atuação firme”, afirma Toron ao Estadão.

A reportagem pediu um posicionamento do governador e da Secretaria de Segurança.

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O governador Tarcísio e o secretário Guilherme Derrite; Ouvidoria da Segurança Pública é questionada pela OAB. Foto: Werther Santana/Estadão

Uma das principais preocupações é que o ouvidor ficará diretamente subordinado ao secretário de Segurança Pública, responsável por sua nomeação, o que levantou questionamentos sobre a independência do órgão. O setor será composto ainda por outros dois funcionários.

“A decisão pela criação de uma nova ouvidoria, desenhada para não ter qualquer autonomia, representa mais um passo no enfraquecimento dos mecanismos de controle e transparência da atividade policial no Estado”, afirma a OAB em nota.

A resolução que anuncia a criação da nova ouvidoria foi publicada no Diário Oficial em 25 de novembro. Segundo o documento, o órgão terá “isenção para compreender, analisar e buscar o adequado tratamento das manifestações”.

São Paulo já dispõe da Ouvidoria da Polícia, criada em 1995, para receber denúncias sobre a atividade policial. O órgão tem como atribuição reunir “denúncias, reclamações e representações sobre atos considerados arbitrários, desonestos, indecorosos ou que violem os direitos humanos individuais ou coletivos praticados por servidores civis e militares da Secretaria da Segurança Pública”.

O ouvidor das polícias é indicado pela sociedade civil. O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana define uma lista tríplice e, a partir dela, o governador faz a nomeação.

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O Governo de São Paulo nega que a nova Ouvidoria da Segurança Pública tenha as mesmas atribuições da Ouvidoria da Polícia. Para a OAB, as funções coincidem.

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A entidade afirma que há “falta de apoio institucional” ao trabalho da Ouvidoria da Polícia e um esvaziamento do setor. “Ao invés de criar uma segunda ouvidoria, os investimentos públicos devem ser direcionados à atual Ouvidoria das Polícias. É preciso fortalecer o órgão, dando estrutura e autonomia para que este exerça o controle externo da atividade policial e continue sendo a voz da população, em geral”, defende a entidade.

O Estado tem registrado queda de indicadores como roubos e furtos neste ano, mas a Polícia Militar paulista matou 496 pessoas entre janeiro e setembro, o maior número desde 2020, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública.

Uma sequência recente de casos pressiona o governo. Entre as ocorrências do último mês, estão a morte de uma criança de 4 anos na Baixada Santista, de um estudante de Medicina baleado em um hotel da capitalde um homem atingido nas costas após tentativa de roubo em um mercado e o flagra de um policial atirando um homem de uma ponte na zona da capital.

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