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Opinião | Parceria entre mente humana e Inteligência Artificial: potencial de revolucionar a medicina

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convidado
Por Felipe Mendes
Felipe Mendes. Foto: Divulgação

A Inteligência Artificial (AI) tem sido destaque em diversos campos de conhecimento, trazendo perspectivas de grandes avanços e inovações também na área da saúde. A cada dia, surgem novidades e novas aplicações, buscando respostas e soluções para problemas que há muito nos incomodam. Porém, com a introdução de novas tecnologias, também há novas dúvidas, desafios e questionamentos.

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As ferramentas diagnósticas - conjunto de técnicas e exames que auxiliam no rastreio, na descoberta, no monitoramento e no acompanhamento de doenças - são, atualmente, a grande área de aplicação da AI. A velocidade e a eficiência no processamento de grandes volumes de dados permitem a elaboração de algoritmos capazes de analisar e cruzar milhares de dados pessoais, registros médicos e exames em pouco tempo, servindo de base para tomada de decisões clínicas complexas.

A expectativa é que esses modelos e algoritmos tornem os resultados dos exames mais sensíveis, específicos e ágeis. Nos serviços de radiologia, já surgem trabalhos comparando a AI com a capacidade de diagnóstico dos médicos. Um estudo publicado na revista The Lancet Oncology constatou que um sistema de AI foi mais eficiente e mais rápido em detectar câncer de mama em exames de mamografia do que uma dupla de médicos radiologistas, especialistas na análise desse tipo de exames.

A assistência ao paciente também tem sido aprimorada graças à AI. Assistentes virtuais - chatbots - conseguem iniciar o atendimento, realizando triagem e determinando quais situações necessitam de avaliação mais urgente, além de fornecer informações imediatas sobre sintomas, dicas e cuidados básicos, atendendo às expectativas dos pacientes e aliviando a pressão sobre o sistema de saúde.

Outra área de destaque é a medicina personalizada ou de precisão. Com a AI, torna-se possível analisar o perfil ou código genético de cada indivíduo, permitindo a leitura rápida e compreensão da carga genética, trazendo dados e informações totalmente personalizada sobre o melhor tipo de tratamento para determinado problema de saúde e, até mesmo, quais os melhores alimentos e o melhor padrão de dieta.

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No futuro, espera-se que seja possível que esses sistemas também consigam não só fazer a leitura, mas também manipular o material genético, trazendo a possibilidade de tratamentos para problemas de saúde, hoje ainda sem solução definitiva, como vários tipos de câncer, doenças degenerativas ou autoimunes.

Recentemente, uma publicação de pesquisadores da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos demonstrou que um sistema de AI foi capaz de decodificar as ondas cerebrais de indivíduos com eletrodos inseridos dentro do cérebro para fazer o mapeamento de crises epilépticas, transformando a atividade elétrica das células nervosas em ondas sonoras, sendo possível escutar a música Another Brick in the Wall, da banda Pink Floyd. Imagine a possibilidade de sistemas como esse tornar possível que muitas pessoas com lesões no sistema nervoso possam voltar a se comunicar com seus familiares. Apesar dos avanços e de inúmeras possibilidades inimagináveis no futuro, a AI no setor da saúde pode enfrentar alguns desafios. O primeiro e, sem dúvidas um dos mais importantes, é a questão da ética e da privacidade dos dados. É fundamental garantir que as informações dos pacientes sejam protegidas de forma rigorosa, respeitando sua autonomia e consentimento.

Além disso, como os sistemas de AI são projetados por humanos, deve-se tomar muito cuidado para não serem criados sistemas enviesados, com possibilidade de gerar discriminação e dificultar o acesso integral à saúde.

Outro desafio é a integração harmoniosa da AI com o trabalho médico humano. Embora as contribuições da AI sejam extremamente relevantes, ela não consegue substituir o carinho, o cuidado e a empatia de todos os profissionais que se dedicam diariamente em tentar restaurar a saúde de seus pacientes. A medicina tem um quê de arte e subjetividade que dificilmente algum sistema eletrônico evoluído consegue superar. Talvez uma melhor definição seja sistemas de ampliação da inteligência, permitindo que trabalhem de forma totalmente integrada com humanos, potencializando as capacidades técnicas e analíticas de cada um.

Por fim, existe a questão da regulamentação. Devem existir diretrizes claras e consistentes para orientar e normatizar o desenvolvimento e uso responsável da AI na medicina, garantindo que as soluções integradas sejam seguras, eficazes e éticas.

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Sem dúvidas, um novo mundo de possibilidades se abre no horizonte da medicina. Aproveitando todos os seus benefícios e melhorias da AI, aliados a uma conduta ética, transparente e justa, os cuidados de saúde podem atingir um outro patamar. Uma parceria entre a mente humana e a inteligência artificial tem o potencial de revolucionar a medicina, proporcionando cuidados mais personalizados, diagnósticos mais precisos e terapias mais eficazes.

*Felipe Mendes, médico neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, especialista em procedimentos minimamente invasivos da coluna vertebral e com MBA executivo em Gestão em Saúde pelo Hospital Albert Einstein

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