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Peritos da PF descartam tiro em homem da bomba no STF e sugerem que Tiü França queria efeito dominó

Laudo de 60 páginas subscrito por três peritos criminais federais exclui possibilidade de que Francisco Wanderley Luiz tenha sido atingido por disparo de arma de fogo na noite do dia 13, quando tentou destruir a estátua da Justiça e se explodiu na Praça dos Três Poderes; documento sinaliza que bolsonarista usava camisa indicando que sua própria morte não seria um ato ’isolado’

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Atualização:

O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal concluiu que o catarinense Francisco Wanderley Luiz morreu no último dia 13, em frente ao Supremo Tribunal Federal, após detonar uma bomba encostada em sua cabeça. O bolsonarista segurou o artefato com a mão direita e o pressionou junto ao próprio rosto. Foi descartada qualquer possibilidade de Francisco ter sido alvejado por tiros.

Tomografia aponta fratura extensa no crânio de Francisco Wanderley Luiz. Foto: INC (Instituto Nacional de Criminalística)

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Os peritos ainda sinalizaram, com base nas roupas de Tiü França, um caminho a ser percorrido pelos investigadores: eles consideram que, para o bolsonarista, sua morte não seria um ato isolado, mas desencadearia uma série de eventos. Seria um gatilho de um “efeito dominó” que “levaria a um todo maior”.

O relatório foi assinado pelos peritos Hugo Oliveira de Figueiredo Cavalcanti, Marcelo Souza Custódio e Francisco Hélder Almeida Santos. Eles coletaram amostras de sangue e urina para exames toxicológicos. Elas serão encaminhadas para o laboratório da Polícia Civil do Distrito Federal, para verificar se Tiü França estava sob influencia de alguma substancia psicoativa.

Segundo a Polícia Federal, a explosão causada pela bomba que Tiü França segurava causou múltiplas fraturas, com a ampla destruição das partes moles, amputação e fragmentação de dedos e ossos. O bolsonarista morreu após tentar um ataque a bombas na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo Tribunal Federal, no último dia 13.

No que restou de seu rosto, foi verificada uma queimadura “peculiar” com característica de “lesão de assinatura” - quando a lesão guarda o desenho do instrumento que a produziu”. Os peritos dizem que a marca foi muito provavelmente causada por um fragmento da bomba, sendo compatível com um bocal de isqueiro, tal qual o que foi encontrado ao lado do corpo.

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A perícia descartou qualquer possibilidade de Tiü França ter sido alvejado por tiros. Não há nenhuma lesão que pudesse ser atribuía a projetil de arma de fogo, garante a PF. A perícia “exclui, do ponto de vista necroscópico, a ocorrência de um disparo de arma de fogo”.

A causa da morte foi registrada como “morte violenta por traumatismo cranioencefálico provocado por explosão”. A perícia concluiu que Francisco se suicidou.

Nesse ponto, os peritos da PF dão ênfase às roupas usadas por Tiü França no dia de sua morte. O relatório diz que ele usava um terno “espalhafatoso”, verde, com estampa de naipes de cartas de baralho. “É inegável que remete, ao personagem Coringa, indicando provavelmente que, de alguma forma, a vítima se identificava com essa figura, seja por quais motivos for”.

Apesar do terno vibrante, o que chamou a atenção dos peritos foi a camiseta de Tiü França, com informação “muito mais literal e evidente”. Segundo a PF, a peça ilustra um pequeno homem empurrando uma fila de pecas de dominó, dando origem ao chamado “efeito dominó”, “quando uma peca derruba a seguinte provocando uma reação em cadeia”.

“Podemos interpretar na escolha dessa camisa a intenção de passar uma mensagem, a de que a vítima não considerava a próxima morte como um ato isolado, mas sim dentro de um contexto e conectada a uma série de eventos futuros. Mais precisamente, desencadeando essa série de eventos. Ou seja, provavelmente a vítima se enxergava como o pequeno homem na ilustração, cujo papel seria servir como gatilho e, através da própria morte, deflagrar uma reação em cadeia que levaria a um todo maior”, dizem os peritos.

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A perícia fez tal ponderação ressalvando que a análise “escapa ao escopo” do relatório, que tem com objetivo interpretar vestígios. O documento sinaliza aos investigadores que verifiquem tais aspectos junto a outros elementos do inquérito.

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