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Perspectivas tributárias: as propostas dos presidenciáveis na esfera fiscal

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Por Ana Campos
Atualização:
Ana Campos. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Há menos de uma semana das eleições que definirão quem serão os novos governantes e congressistas nas esferas federal e estadual, o debate em torno das propostas dos principais candidatos na corrida eleitoral se amplia.

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Tal análise pode servir como um farol importante para a escolha, sobretudo, da camada de indecisos que ainda existe - número que chega a 4%, segundo a última pesquisa IPEC divulgada nesta segunda-feira (26/9/22).

Pensando nisso, neste artigo, analiso as propostas específicas para a área tributária dos 4 presidenciáveis mais bem posicionados nos levantamentos dos principais institutos de pesquisa do país.

Lula: progressividade tributária e o fatiamento da reforma

Com 47% das intenções de voto, o ex-presidente Lula, via de regra, apresenta diretrizes de cunho mais generalista para o âmbito tributário em seu programa de governo. Um dos pilares do plano envolve a ideia de justiça tributária, a partir de um modelo de impostos progressivos "em que os pobres paguem menos e os ricos paguem mais".

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Sob a ótica desenvolvimentista, o plano também prevê a redução da tributação sobre o consumo e a desoneração - com foco, sobretudo, no comércio internacional - "produtos com maior valor agregado e tecnologia embarcada".

Para termos mais clareza sobre tais diretrizes, é interessante analisarmos também o posicionamento de membros da equipe econômica que circundam o ex-mandatário e atual candidato à Presidência da República. Em pronunciamento recente, o coordenador do programa de governo do PT, Aloizio Mercadante afirmou, por exemplo, o interesse em aproveitarem o texto em pauta no Senado de reforma tributária - que prevê a unificação de tributos com o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e o alinhamento das alíquotas estaduais do ICMS.

Outros pontos caros do plano seriam trabalhados de modo "fatiado", buscando aprovação na Câmara e Senado, e incluem a ampliação da cobrança sobre renda e patrimônio. Por fim, um dos pontos mais polêmicos do plano de governo de Lula na esfera fiscal envolve a revogação do teto de gastos visando a aplicação de políticas econômicas anticíclicas.

Jair Bolsonaro: manutenção do corte de impostos e atualização da tabela do IR

Segundo colocado na corrida eleitoral com 32% das intenções de voto segundo o Datafolha, o atual Presidente, Jair Bolsonaro, tem como principal norte tributário de seu plano de governo a continuidade da reforma tributária, incluindo a atualização em 31% da tabela do Imposto de Renda - proposta pela equipe econômica do Governo em 2018, mas que não passou pelo Senado - e isenção do IR para quem ganha até 5 salários-mínimos.

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De modo mais geral, o programa também cita o interesse na simplificação e redução da carga tributária, tendo-se em vista a queda da "tributação das empresas nacionais e também dos impostos de importação"

Sobre esse ponto, vale citar, aliás, que a redução do IPI via decreto federal foi uma das iniciativas fiscais recentes do Governo Federal visando a melhoria do ambiente econômico brasileiro - mas que, por outro lado, também atraiu críticas diante da perda de arrecadação que traz uma incógnita para o orçamento de 2023.

Há ainda a intenção de manter os cortes de impostos sobre produtos industrializados e ICMS, e pontos relativos à desburocratização do sistema fiscal, visando, em essência, o incentivo à liberdade econômica, concorrência e competitividade no país. Dentro desse viés, o ministro da economia Paulo Guedes afirmou em agosto, o interesse no avanço do Programa Carteira Verde Amarela, que inclui o corte de tributos e impostos previdenciários na contratação de empregados nas empresas.

Ciro Gomes e Simone Tebet: Taxação sobre grandes fortunas X Reforma tributária no 1º semestre de 2023

Respectivamente 3º e 4ª colocada nas pesquisas presidenciais, Ciro Gomes e Simone Tebet têm pontos semelhantes e outros bastante distintos em suas propostas para a área fiscal.

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Dentre os pontos principais das propostas do ex-governador do Ceará é citada a criação do IVA, a elevação da tributação sobre a renda como nos impostos que oneram a produção e o consumo, além da tributação sobre lucros, dividendos e grandes fortunas. Nas diretrizes de sua reforma tributária, Gomes ainda fala da redução (na casa de 20%) de subsídios e incentivos fiscais com foco na redução de despesas e adoção do princípio de orçamento de base zero.

Já o programa da senadora e candidata do MDB a Presidência - composto de diretrizes gerais - reforça o interesse em aprovar a reforma tributária nos seis primeiros meses de seu governo - em suas mídias, Tebet elogiou a proposta atual que tramita no Senado -, o foco em simplificação e justiça social e também a unificação de impostos por meio do IVA. Um ponto interessante do programa prevê ainda o corte de impostos relacionados à transferência de tecnologia, visando o fortalecimento do ambiente de pesquisa e desenvolvimento no país.

Para concluir, é bom reforçar que, embora boa parte das propostas dos planos de governo analisados adotem uma perspectiva mais geral, elas também fornecem pistas importantes sobre o que pretendem os principais candidatos à Presidência da República. É importante, pois, analisarmos com critério suas ideias para que a escolha do voto de cada cidadão esteja alinhada com seus propósitos e considerando, ainda, os desafios que estão por vir ao longo dos próximos anos.

*Ana Campos é especialista em Aquisições e Reestruturações e sócia-fundadora da empresa Grounds

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