Na esteira da Operação Tempus Veritatis - aberta em fevereiro para apurar suposta tentativa de golpe de Estado -, a Polícia Federal apreendeu dois documentos essenciais para a investigação sobre a trama antidemocrática e um plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Um documento, localizado com o general reformado do Exército Mário Fernandes - ex-secretário-executivo da Presidência - ,”continha um verdadeiro planejamento com características terroristas”, com detalhes sobre condições de execução de Moraes, Alckmin e Lula, com uso de artefatos explosivos e veneno.
Outro, apreendido com o ‘kid preto’ Hélio Ferreira Lima consiste em “uma planilha detalhada que condensa informações acerca de um planejamento estratégico do Golpe de Estado”. O documento se soma à minuta golpista apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres como uma peça-chave no inquérito sobre golpe de Estado, chegando ainda mais o cerco à cúpula do governo Jair Bolsonaro.
Segundo a PF, o documento tem mais de “duzentas linhas de preenchimento abordando fatores estratégicos de planejamento (do golpe), quais sejam: fisiográfico, psicossocial, político, militar, econômico e produção”. O arquivo é tido como um “planejamento estratégico que tinha como objetivo final um golpe de Estado, visando anular o pleito presidencial de 2022, com fundamento na falsa narrativa” de fraude nas urnas
Os investigadores argumentaram que o arquivo encontrado com Hélio detalha operação para “restabelecer a lei e a ordem por meio da retomada da legalidade e da segurança jurídica e da estabilidade institucional” e que visaria impedir um cenário de ameaça a qual “em suposta defesa da democracia, (objetivaria) controlar os 3 poderes do país e impor condições favoráveis para apropriação da máquina pública em favor de ideologias de esquerda ou projetos escusos de poder”.
Para os investigadores, o documento tem trechos que indicam um planejamento de ruptura institucional, “em razão, possivelmente, do resultado das eleições presidenciais de 2022″. O arquivo ainda citou a “existência de fatores geradores de instabilidade no Supremo Tribunal Federal” e a “necessidade de neutralização da capacidade de atuação do órgão, sendo dirigida atenção específica para a neutralização da capacidade de atuação de Moraes”.
Algumas das linhas da planilha são:
- Eleições Limpas: Base probatória de fraude eleitoral divulgada; Inquérito eleições limpas aberto; Acesso total ao processo eleitoral de 2022; Publicação de novos relatórios de irregularidades no processo eleitoral realizadas; Novo pleito eleitoral marcado; Processo eleitoral totalmente transparente divulgado; Eleições presidenciais.
- Legalidade: Base jurídica consolidada em decreto presidencial com apoio do congresso nacional; Composição da força legalista conjunta, multidisciplinar e inter agências; Denúncia aceita, inquérito aberto; Mandados coercitivos emitidos; Mandados de prisão contra envolvidos em indícios de irregularidades no processo eleitoral publicados.
- Informacional: Composição da equipe informacional publicada; Exploração da base legal nos cenários interno e externo; Exploração global dos indícios de fraude eleitoral realizada; Exploração da execução dos mandados coercitivos realizada; operação segurança presente explorada amplamente; Exploração do início da campanha de assistência aos mais vulneráveis realizada; presença e dissuasão divulgada amplamente; mandados de prisão explorados amplamente; Exploração da legalidade do novo processo eleitoral realizada; exploração da execução dos mandados coercitivos realizadas amplamente; Detalhes da tentativa de destruição da democracia brasileira divulgadas amplamente; Exploração de indicadores de sensação de segurança jurídica realizada.
Punhal Verde e Amarelo
O documento apreendido com Fernandes tinha o nome “Fox_2017″ e, segundo a PF, “traz em formato de tópicos o planejamento de uma operação clandestina, com demandas de reconhecimento operacional a serem realizadas, demandas para preparação e condução da ação, com indicação dos recursos necessários, demandas de pessoal a ser utilizado e condições de execução”.
Os tópicos do documento incluiam a descrição de diligências para identificar o aparato de segurança pessoal do ministro Moraes e a lista de lista de itens necessários para a execução da operação, com o método de comunicação que acabou usado na operação ‘Copa 2022′ - “em que militares das Forças Especiais executaram uma ação clandestina no dia 15 de dezembro de 2022, para prender/executar o ministro Moraes na cidade de Brasília”.
Havia ainda a descrição de munição que seria utilizada na ação clandestina, com arsenal de pistolas e fuzis, metralhadora, lança granada e lança rojão - “armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate”
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