A Polícia Federal (PF) esteve nesta terça-feira, 3, nos endereços da deputada federal Carla Zambelli (PL) em São Paulo e em Brasília para apreender novas armas. Os policiais levaram duas pistolas e um revólver de coleção.
A ordem foi expedida pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A deputada já havia entregado a arma usada para perseguir um homem na véspera do segundo turno da eleição.
A decisão que autorizou a operação afirma que, inicialmente, Carla Zambelli se recusou a entregar a pistola usada na perseguição com a justificativa de que não poderia transportá-la após ter tido o porte de armas suspenso pelo STF. Gilmar Mendes se disse 'estarrecido' com o comportamento da deputada.
"A renitência da investigada recomenda a adoção de providências mais contundentes, que sejam (i) proporcionais à gravidade dos fatos narrados nos autos, e também (ii) necessárias para coibir novas afrontas à autoridade do Supremo Tribunal Federal", escreveu ao determinar a apreensão das outras armas da deputada.
Procurada pela reportagem, a equipe de Carla Zambelli confirmou a operação e disse que as armas eram usadas para sua defesa pessoal. A deputada também afirmou que os policiais foram "muito educados" e que ela cooperou com a operação.
"Caso qualquer atentado à vida da deputada, agora desprotegida, aconteça, já sabemos o responsável", disseram.
Os advogados da deputada já haviam afirmado, em um pedido enviado ao STF para tentar recuperar seu porte de arma, que ela precisa dos armamentos para se proteger de ameaças sofridas por sua posição política. A defesa também alega que ela só sacou a arma para se defender em uma situação de "terror".
Relembre
Carla Zambelli perseguiu um homem negro junto com seus seguranças no bairro Jardins, em São Paulo, na véspera do segundo turno. A deputada sacou a arma e correu atrás do jornalista Luan Araújo até um restaurante da região. O episódio levou a PGR a pedir a suspensão do porte de armas da parlamentar e a confiscar a pistola.
A vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo fez uma pesquisa no sistema da Polícia Federal (PF) e encontrou as outras três armas registradas no nome da deputada. Ela então pediu a ordem de busca e apreensão.
"Tendo em vista a urgência da extensão da medida cautelar de apreensão das armas e munições, a resistência inicial da investigada em entregar voluntariamente a arma e as munições utilizadas no cenário delitivo em apuração, bem como a própria omissão de entregar as armas registradas em seu nome após suspensão do porte de arma de fogo e do pressuposto autorizativo do registro desses outros armamentos, é imperioso que se proceda a busca e apreensão pessoal domiciliar", argumentou Lindôra.
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