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PF suspeita que juízes de MS lavaram dinheiro de venda de sentenças com gado, Jaguar, casas e jet-ski

Investigadores da Operação Última Ratio, deflagrada nesta quinta, 24, rastrearam a evolução patrimonial de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, afastados das funções por 180 dias e sob monitoramento de tornozeleira eletrônica

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Atualização:
Operação Última Ratio mira suposta venda de sentenças no TJ-MS Foto: Polícia Federal

A Operação Ultima Ratio, investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, se debruçou atentamente à quebra de sigilo de cinco desembargadores e levantou pontas soltas na evolução patrimonial do grupo. A discrepância nos números levou a PF identificar caminhos que os magistrados teriam adotado para lavar dinheiro de propinas: gado ‘fantasma’ - simulação de compra -, casas, carros de luxo, incluindo um Jaguar, jet sky, meio milhão de reais em espécie estocados em casa e também empréstimos de pai para filhos.

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Essa linha de investigação consta da decisão do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça, que autorizou nesta quinta-feira, 24, a Operação Ultima Ratio. Os agentes federais fizeram buscas nas residências e nos gabinetes dos desembargadores Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Marcos José de Brito Rodrigues e Sérgio Fernandes Martins - este o presidente do Tribunal de Justiça.

Todos foram afastados de suas funções por 180 dias e vão ser monitorados com tornozeleira eletrônica. A medida atinge também o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Osmar Domingues Jeronymo e o servidor do Tribunal de Justiça Danillo Moya Jeronymo.

Um sexto desembargador, Júlio Roberto Siqueira Cardoso, já aposentado, também é alvo da Ultima Ratio. Em sua casa, os federais apreenderam R$ 3 milhões em dinheiro vivo.

No rastro de bens e investimentos do desembargador Vladimir Abreu da Silva, a PF deparou com uma “confusão patrimonial” entre ele e seus filhos, advogados. Segundo os investigadores, há declarações à Receita de empréstimos por parte dos filhos tendo como credor o próprio desembargador. Não foram identificadas transferências bancárias compatíveis.

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A PF ainda questiona o fato de o magistrado ter declarado em 2020 R$ 500 mil em espécie estocados em casa. Os investigadores anotam que é ‘incomum armazenar essa quantidade de dinheiro não se sabendo a origem dos mais de R$ 500 mil reais declarados aparentemente em espécie sendo mais um indício de venda de decisões judiciais’.

A PF põe seu radar em negociações de cabeças de gado entre os filhos de Vladimir e o desembargador Sideni Pimentel. Os investigadores veem indícios de que as notas fiscais de venda de gado sejam frias, simuladas. Antes de transferir o dinheiro para o desembargador, o advogado - filho de Vladimir - recebeu depósitos fracionados em espécie. A suspeita é que o repasse desses montantes a Sideni seria para ‘para encobrir a origem dos recursos, indicando que sejam ilícitos’.

“Cabe relembrar que o desembargador Sideni Pimentel já julgou ao menos 2 processos em que o advogado atuava nos anos de 2019 e 2020, ou seja, chama atenção os investigados estarem fazendo negócios no ramo da pecuária e ao mesmo tempo o desembargador julgando processos do advogado, o qual inclusive tem escritório no mesmo local do de seu filho”, ressalta a PF.

Os investigadores também apontam ‘confusão patrimonial’ na família Pimentel, assim como no caso do desembargador Vladimir. Eles destacam o fato de que a filha do desembargador “aparentemente teria ocultado” da Receita mais de R$ 4,1 milhões em veículos e mais de R$ 2,7 milhões em imóveis, havendo ‘possibilidade de que tenham sido adquiridos com recursos de origem desconhecida’.

A suspeita com relação a negócios simulados de compra e venda de gado - o ‘gado fantasma’ - também alicerça a investigação sobre o presidente do TJ, desembargador Sérgio Fernandes Martins, agora afastado da função.

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Segundo os investigadores Martins teria comprado 80 cabeças de gado de seu pai. Mas eles ressaltam que ‘não foram identificadas transações bancárias que indicassem o pagamento da referida compra’.

A PF investiga como o desembargador teria quitado dois carros, um Santa Fé e um T Cross, considerando que os números declarados ao Imposto de Renda não batem.

A análise patrimonial do desembargador Alexandre Aguiar Bastos, diz a PF, encontrou a ‘declaração da aquisição de imóveis, automóveis e moto aquática, sem que tenham sido identificadas transações bancárias correspondentes para o pagamento integral aos vendedores’.

Os investigadores citam a compra de uma casa em Aparecida do Taboado e de um Jaguar, do qual o magistrado teria abatido o pagamento com a troca de uma BMW.

O desembargador teria comprado outros três veículos em 2023, sem declarar as aquisições à Receita. Um desses veículos é jet sky de R$ 97 mil. Os investigadores indicam ‘operações suspeitas efetivadas por servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e assessores do desembargador envolvendo dinheiro em espécie e efetivação de pagamento de boletos’.

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Os investigadores interceptaram mensagens do desembargador Marcos José de Brito. São conversas que ‘apontam para o uso de dinheiro em espécie, principalmente para a efetivação de pagamentos e depósitos, em diálogos mantidos com a esposa, além do motorista e assessores’.

COM A PALAVRA, O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MS

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul vem comunicar ao público que o Ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça, no âmbito de investigação que corre naquela Corte, ainda sigilosa, determinou medidas direcionadas exclusivamente a alguns Desembargadores, magistrado e servidores deste Tribunal, as quais estão sendo regularmente cumpridas, sem prejuízo a quaisquer dos serviços judiciais prestados à população e que não afetam de modo algum os demais membros e componentes da Justiça Sul-mato-grossesse.

Os investigados terão certamente todo o direito de defesa e os fatos ainda estão sob investigação, não havendo, por enquanto, qualquer juízo de culpa definitivo.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul seguirá desenvolvendo seu papel de prestação jurisdicional célere e eficaz, convencido de que aos Desembargadores, magistrado e servidores referidos, será garantido o devido processo legal.

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