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‘Abin paralela’: PF prende cinco em operação contra monitoramento ilegal no governo Bolsonaro

Quarta fase da Operação Última Milha, nesta quinta, 11, também vasculhou sete endereços em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo; entre os alvos estão um policial federal e um militar que trabalhavam diretamente para o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, hoje deputado federal, além de influenciadores digitais alojados no chamado ‘gabinete do ódio’

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Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Karina Ferreira
Atualização:
A Polícia Federal desencadeou na manha desta sexta-feira (20) uma operacao que apura uso de equipamentos da Agência Brasileira de Inteligencia (Abin) para espionagem ilegal. Na foto, fachada da sede da Abin em Brasília Foto: WILTON JUNIOR

A Polícia Federal saiu às ruas nesta quinta-feira, 11, para cumprir cinco mandados de prisão preventiva na Operação Última Milha – investigação sobre monitoramento ilegal de autoridades públicas e produção de notícias falsas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do governo Jair Bolsonaro. A ofensiva mira auxiliares diretos do ex-chefe do órgão, Alexandre Ramagem (hoje deputado federal), além de influenciadores do gabinete do ódio.

Quatro alvos já foram presos:

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As defesas foram procuradas pelo Estadão para se pronunciarem sobre as prisões. O advogado de Richards Dyer Pozzer, Jeffrey Chiquini, afirmou que o cliente é um “cidadão comum, engenheiro, casado, pai de família” que, nas horas vagas, pesquisava o nome de pessoas públicas em portais de transparência, “exercendo o direito de cidadania na fiscalização do serviço público, moralidade e probidade da administração pública”. A defesa afirma que Pozzer é apenas “um curioso” e que está sendo preso por razões políticas.

Os demais advogados ainda não foram localizados.

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A PF ainda vasculha sete endereços de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. Além dos cinco alvos de mandados de prisão, as ordens de busca e apreensão miram outros dois investigados da Última Milha: o assessor parlamentar José Matheus Sales Gomes e Daniel Ribeiro Lemos. À época dos fatos investigados, José Matheus e Daniel eram servidores da Presidência da República no Palácio do Planalto e viabilizariam, segundo a investigação, o contato entre os núcleos de propagação de desinformação com o então presidente da República.

A ofensiva aberta nesta quinta, 11, consiste na quarta fase da Última Milha e apura ações do grupo contra membros dos três Poderes e jornalistas, com a “criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”.

Ainda de acordo com a corporação, a organização criminosa “também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”.

A investigação apura supostos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

Segundo a PF foram monitorados pelo grupo criminoso:

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  • Poder Judiciário: ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, todos do Supremo Tribunal Federal.
  • Poder Legislativo: deputados Arthur Lira, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (então presidente da Câmara), Kim Kataguiri e Joice Hasselmann; senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
  • Poder Executivo: ex-governador de São Paulo, João Dória, servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
  • Jornalistas: Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

A Operação Última Milha foi inicialmente aberta em 2023, quando a PF prendeu dois servidores da Abin - Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky - que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. Na ocasião, a sede da Abin também foi alvo de buscas.

Segundo a PF, o grupo sob suspeita teria usado o sistema da Abin – um ‘software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira’ – para rastrear celulares ‘reiteradas vezes’. Os crimes teriam sido praticados sob o governo Jair Bolsonaro. À época, o órgão era comandado por Alexandre Ramagem.

Em janeiro, a investigação se desdobrou na Operação Vigilância Aproximada, que mirou o deputado federal Alexandre Ramagem, o vereador Carlos Bolsonaro, policiais federais cedidos à Abin no governo Bolsonaro e ex-superintendentes regionais da agência.

À época, a PF disse acreditar que a estrutura da Abin foi usada ainda para produzir informações que teriam ajudado na defesa dos filhos de Bolsonaro em investigações criminais. Relatórios da agência teriam sido compartilhados para subsidiar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na investigação das “rachadinhas” e Jair Renan em inquéritos sobre tráfico de influência, estelionato e lavagem de dinheiro. O senador nega ter sido favorecido.

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COM A PALAVRA, A DEFESA DE RICHARDS POZZER

Trata-se de um senhor, um cidadão comum, engenheiro, casado, pai de família, um mero curioso, que em suas horas vagas, realizava pesquisas em portais de transparência, sobre atividades de pessoas públicas, através de informações públicas, exercendo o direito de cidadania na fiscalização do serviço público, moralidade e probidade da administração pública. Um verdadeiro preso político, acusado por exercer seu papel como cidadão na democracia.

Jeffrey Chiquini, Advogado do preso político, Richards Dyer Pozzer, investigado na Operação “Abin Paralela”, do Supremo Tribunal Federal.

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