Uma prisão preventiva foi decretada na investigação que mira o desembargador Ivo de Almeida, suspeito de vender decisões judiciais e de operar um esquema de rachadinha no Tribunal de Justiça de São Paulo.
A reportagem do Estadão tem reiterado pedidos de manifestação ao magistrado, que ainda não se pronunciou sobre o inquérito.
O alvo da ordem de prisão é o bacharel em Direito Wellington Pires, guarda civil metropolitano, que foi o pivô da investigação. Ele já tinha sido alvo da Operação Contágio. Deflagrada em 2021 pela PF em São Paulo, para combater desvios na Saúde de cinco municípios, essa investigação precedeu a Operação Churrascada, sobre a venda de sentenças.
Wellington é apontado como um “intermediador“ da venda de decisões. Ele agiria em nome dos “clientes”.
Os investigadores o descrevem como um prestador informal de serviços ao advogado Luiz Pires Moraes Neto, que também é investigado.
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão de seis pessoas, mas o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou apenas o mandado contra Wellington.
A primeira etapa ostensiva da investigação foi batizada de Operação Churascada em referência ao termo “churrasco“, uma das senhas usadas pelos investigados para remeter ao dia do plantão do desembargador.
Os investigadores localizaram três processos que acreditam terem sido negociados em troca de propinas.
A Polícia Federal também investiga se o desembargador está envolvido em um esquema de rachadinha. Com a quebra do sigilo bancário, foram identificados depósitos fracionados e em espécie - R$ 641 mil entre fevereiro de 2016 e setembro de 2022. Parte dos de depósitos foi feita por servidores do Tribunal de Justiça.
Ivo de Almeida foi afastado do cargo pelo prazo de um ano. Ele continuará recebendo seus vencimentos. O desembargador também é alvo de uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça.
COM A PALAVRA, OS CITADOS
A reportagem pediu posicionamento do desembargador e busca contato com os demais citados. O espaço está aberto para manifestação (rayssa.motta@estadao.com, pepita.ortega@estadao.com e fausto.macedo@estadao.com).
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