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Procuradoria em SP abre investigação sobre ex-promotor que admitiu ter acusado Haddad por vingança

Apuração se dá após Marcelo Milani fechar acordo no qual diz ter se ‘excedido em sua conduta e ajuizado ações de improbidade administrativa’ contra o atual ministro da Fazenda em razão da denúncia em que o então prefeito de São Paulo, em 2017, lhe atribuiu suposta cobrança de propina de R$ 1 milhão

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Foto do author Pepita Ortega
Atualização:
HADDAD BRASÍLIA DF 06.11.2023 HADDAD/LULA/LÍDERES DO GOVERNO NO SENADO/REFORMA TRIBUTÁRIA  POLÍTICA OE - O ministro da fazenda Fernando Haddad (foto) acompanhado do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT)  participa da reunião para tratar da reforma tributária com líderes do governo no Senado Federal  realizada na noite  desta segunda-feira (06) no Palácio do Planalto em Brasília.  FOTO:  WILTON JUNIOR/ESTADÃO Foto: Wilton Júnior/Estadão

A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo anunciou nesta sexta-feira, 8, uma investigação sobre a conduta de um de seu ex-integrantes, o promotor aposentado Marcelo Milani. Ele integrou durante anos a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, braço do Ministério Público paulista que investiga corrupção e improbidade.

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O Ministério Público decidiu avaliar a atitude do ex-promotor após ele afirmar ter se ‘excedido em sua conduta e ajuizado ações de improbidade administrativa’ contra o atual ministro da Fazenda Fernando Haddad ‘em razão’ da denúncia em que o então prefeito de São Paulo, em 2017, lhe atribuiu suposta cobrança de propina de R$ 1 milhão.

Milani nega que as ações de improbidade que ajuizou contra Haddad tenham sido produto de retaliação ou perseguição. Segundo ele, o texto do acordo, ‘firmado de boa-fé’, está sendo usado para fins exclusivamente políticos.

Internamente, o caso gerou rebuliço. Ex-colegas de Milani estão indignados e defendem a cassação da aposentadoria dele. Procuradores de Justiça ainda avaliam a possibilidade de o MP mover uma ação civil de reparação contra o ex-promotor de Justiça.

“Caso reste comprovado o cometimento de algum ato em desacordo com a legislação, o MPSP ajuizará ação judicial de cassação de aposentadoria”, informou em nota o Ministério Público estadual.

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A declaração de Milani consta de um acordo fechado entre ele e Haddad. O pacto foi celebrado com o objetivo de enterrar uma ação que o promotor moveu contra Haddad por crimes contra a honra, justamente em razão da denúncia de suposta corrupção. O promotor sofreu derrotas no caso em instâncias inferiores da Justiça.

O termo que está no centro do imbróglio foi homologado, no último dia 7, pelo Superior Tribunal de Justiça. Nele, o promotor aposentado admite que em razão da denúncia feita por Haddad e ‘com uma má interpretação da conduta do então prefeito’, entrou com quatro ações contra o petista.

Os processos por suposta improbidade em que o promotor teria ‘se excedido’ são:

  • Ação ajuizada em fevereiro de 2016, sobre suposta irregularidade em obras em ciclovias
  • Ação ajuizada em dezembro de 2016 sobre supostas irregularidades no Teatro Municipal
  • Ações ajuizadas em novembro de 2015 e agosto de 2016 com suposta acusação da criação da ‘indústria da multa’ em São Paulo

COM A PALAVRA, MARCELO MILANI

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A propósito das matérias hoje veiculadas na imprensa, com referência a acordo por mim firmado em ação cível ajuizada contra o atual Ministro da Fazenda Fernando Haddad, esclareço o quanto segue:

As matérias jornalistas retratam uma interpretação absolutamente díspar daquilo que se contém no acordo judicial por mim firmado, visto que jamais reconheci, em tempo algum, que as ações ajuizadas contra o então Prefeito de São Paulo teriam sido produto de retaliação ou perseguição.

O acordo judicial por mim firmado faz expressa referência à mera interpretação hodierna dos fatos postos naquelas ações de improbidade, referenciadas na minuta à qual a imprensa teve acesso.

Em outros termos, a interpretação dos fatos que empreendi à época do ajuizamento daquelas ações - tida naquele momento como correta - me conduziu ao ajuizamento.

Nos quase 33 anos de exercício de minha profissão, enquanto membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, jamais retaliei ou persegui quem quer que seja; sempre agi pautado pelos princípios da moralidade, ética e eficiência e lamento profundamente que o acordo por mim firmado, de boa-fé, esteja sendo utilizado para fins exclusivamente políticos.

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