Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Procurados: três alvos da Sem Limites estão na Difusão Vermelha da Interpol

O sueco Bo Hans Vilhelm Ljungberg, figura central na apuração de corrupção na compra e venda petróleo e derivados, Rodrigo Garcia Berkowit e Luiz Eduardo Loureiro Andrade, que tiveram prisão decretada pela juíza da Lava Jato, em Curitiba, foram incluídos pela PF na lista mundial de foragidos

PUBLICIDADE

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
 

Polícia Federal incluiu na lista de procurados da Interpol três alvos do suposto esquema de propinas milionárias na compra e venda de petróleo e derivados que tiveram prisão decretada Operação Sem Limitesfase 57 da Lava Jato deflagrada nesta quarta, 5. Com a inclusão dos nomes na Difusão Vermelha, o sueco Bo Hans Vilhelm Ljungberg e  Rodrigo Garcia Berkowit e Luiz Eduardo Loureiro Andrade podem ser presos por polícias estrangeiras - os três têm prisão preventiva decretada pela 13.ª Vara Federal, em Curitiba.

PUBLICIDADE

Bo Hans é figura central nas investigações da nova fase da Lava Jato, que apura pagamentos milionários em propinas a funcionários da Petrobrás em troca de vantagens na aquisição de derivados do petróleo. Na mira da força-tarefa - PF, Ministério Público Federal e Receita Federal - estão as gigantes do setor de petróleo e derivados VitolTrafigura e Glencore, com faturamento superior ao da estatal.

Nos autos da Sem Limites, consta que Bo Hans teria retornado à Suécia após cair no radar das investigações da Lava Jato.

"A investigação revelou ao menos a existência de duas organizações criminosas compostas de agentes públicos da Petrobrás, agentes privados consultores de empresas estrangeiras que negociavam com a estatal na área de trading, executivos de algumas empresas estrangeiras, representantes de empresas estrangeiras no Brasil, além de agentes particulares que auxiliavam na prática dos crimes", informa pedido de prisão e buscas feito pela PF.

"Evidenciou-se que a maior parte da comunicação dos grupos criminosos foi efetuada a partir de contas de e-mails, muitas das quais criadas com codinomes e pseudônimos para o fim de se impossibilitar a identificação dos reais usuários e dos graves crimes por eles perpetrados."

Publicidade

 

Os outros dois alvo de prisão preventiva, decretadas pela juíza federal Gabriela Hardt, dos processo da Lava Jato em Curitiba, são Rodrigo Garcia Berkowit, funcionário da Petrobrás que estaria trabalhando em Houston, nos Estados Unidos, e o executivo Luiz Eduardo Loureiro Andrade, que atuaria nos negócios de compra e venda de petróleo representando empresas internacionais. Nas investigações, consta que ele também estaria nos Estados Unidos.

O delegado da PF Filipe Hille Pace, da Lava Jato em Curitiba, afirmou que Berkowit é funcionário da ativa e trabalha na área em que teria praticado os crimes.

O alvo usava os codinomes "Bat, Batman, Morcego, Rod, Robson Santos" nos e-mails monitorados pela Lava Jato. Funcionário da área de Marketing e Comercialização da Petrbrás, Berkowit seria "responsável por negociar diretamente com os representantes das empresas estrangeiras e também seus consultores sobre as compras e vendas de óleo combustível e derivados". "Recebedor de vultosos valores de propina, inclusive para outros agentes públicos", afirma a PF

Publicidade

A Sem Limites apura o pagamento total de pelo menos US$ 31 milhões em propinas para funcionários da Petrobrás, entre 2009 e 2014. Segundo a Lava Jato, os subornos beneficiavam funcionários da gerência executiva de Marketing e Comercialização, subordinada à diretoria de Abastecimento. As operações de trading e de locação que subsidiaram os esquemas de corrupção foram conduzidas pelo escritório da Petrobras em Houston, no estado do Texas, EUA, e pelo centro de operações no Rio de Janeiro.

 

Representação de prisão e buscas da Sem Limites da PF revela que Andrade usava os codinomes "Ledu, Toger, Tigre e DAG" nas comunicações cifradas dos investigados, a maioria por e-mails. "A título de consultor de empresas estrangeiras, realizava a intermediação dos interesses de tais empresas junto à área de trading da Petrobrás", informa a PF, sobre o papel do procurado.

"Exercia função de líder dos agentes particulares envolvidos; possuía íntimo relacionamento com agentes públicos do esquema, dos quais recebia diversas informações privilegiadas; procedia à abertura de empresas offshores e contas; efetuava pagamentos de propina e rateio das comissões supervalorizadas obtidas nas negociações criminosas."

 

Foram presos Marcus Antônio Pacheco Alcoforado, ex-empregado da Petrobrás e ex-gerente da área de marketing e comercialização, Carlos Henrique Nogueira Herz, operador de propina, Márcio Pinto de Magalhães, representante da Trafigura no Brasil, Gustavo Buffara Bueno, advogado, André Luiz dos Santos Pazza, funcionário do escritório de advocacia, e Paulo César Pereira Berkowitz, pai do funcionário da Petrobrás Rodrigo Garcia Berkowitz.

Publicidade

Carlos Roberto Martins Barbosa, ex-gerente da Área de Marketing e Comercialização da Petrobrás, não foi preso 'por circunstância excepcionais'. O executivo está internado há 3 dias em um hospital no Rio. A juíza Gabriela Hardt autorizou, após apresentação de laudo médico, que o mandado não seja cumprido enquanto se mantiver o quadro clínico.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.