O delegado da Polícia Federal José Fernando Moraes Chuy foi indicado para assumir o posto de corregedor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em substituição a Lidiane Souza dos Santos, que permanece no cargo até 31 de agosto deste ano. Chuy é próximo de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Chuy é experiente e respeitado na corporação, com passagens por áreas estratégicas. Também atuou na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Moraes ocupava a presidência da Corte. Ele é doutor em direito e segurança pela Universidade Nova de Lisboa, mestre em criminologia e ciências criminais pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna de Portugal. Chuy também é professor na Academia Nacional de Polícia, onde participa do grupo rede de pesquisa em terrorismo, contraterrorismo e crime organizado.
Em 2020, delegado federal apresentou estudo sobre o “novo terrorismo”, expressão que, segundo ele, acabou sendo popularizada após o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, informou a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, à época.
A análise de Chuy apresenta as consequências e incongruências relacionadas à priorização do uso da força militar diante do fenômeno, especialmente o desenvolvimento de uma segunda geração de líderes terroristas por meio da radicalização virtual.
A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) emitiu nota manifestando preocupação com a indicação de um servidor fora dos quadros da Abin. “Consideramos preocupante, injustificada e um desprestígio dos servidores orgânicos da Abin a possível indicação de um corregedor-geral do órgão oriundo de fora dos quadros da Agência. Devemos lembrar que a atual investigação sobre o uso indevido do software First Mile pela estrutura que parasitou a Abin foi iniciada pela própria corregedoria interna, então liderada por uma oficial de Inteligência”, disse trecho da nota.
Caso Chuy assuma o cargo, poderá ser responsável por apurações quem envolvam alvos da Operação Última Milha, que apura “Abin paralela” dentro do órgão supostamente utilizada por pessoas próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para bisbilhotar opositores e jornalistas.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.