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PUC São Paulo diz que é ‘acinte’ homenagem de Tarcísio a Erasmo Dias, que invadiu universidade nos anos de chumbo

Reitoria classifica como ‘desrespeito’ promulgação de lei pelo governador de São Paulo que inclui nome do coronel em um entroncamento de rodovia em Paraguaçu Paulista, cidade natal do militar morto em 2010, aos 85 anos

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Por Redação
Atualização:
O coronel Erasmo Dias acompanha a chegada dos ônibus com os estudantes detidos na invasão à PUC, 22/9/1977. Foto: Acervo/Estadão

A reitoria da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo classificou como um ‘acinte, desrespeito’ a homenagem do governo Tarcísio de Freitas ao coronel do Exército Antônio Erasmo Dias que, há 46 anos, na noite de 22 de setembro de 1977, protagonizou brutal capítulo dos anos de chumbo - a invasão da tradicional universidade localizada em Perdizes, capital paulista.

A indignação da PUC reside na promulgação pelo governador de São Paulo de projeto de lei em

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homenagem a Erasmo, dando seu nome a um entroncamento de rodovia em Paraguaçu Paulista, onde nasceu, no interior do Estado. O projeto é de autoria parlamentar.

O coronel morreu em 2010, aos 85 anos.

"O projeto de lei em homenagem a Erasmo Dias, promulgado pelo governador de São Paulo, sr. Tarcísio de Freitas, além de mais um efeito da herança ditatorial, é um acinte e um desrespeito, não apenas à PUC-SP, principalmente à democracia e à cidadania brasileiras", reagiu a Reitoria da PUC, que enviou carta ao Palácio dos Bandeirantes nesta quarta, 28.

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 Foto: Acervo/Estadão

A manifestação da universidade relembra a invasão que Erasmo comandou nos anos 1970, período mais sombrio dos anos de chumbo. Na época, o coronel ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do Estado no governo Paulo Egydio Martins (1975/1979), a quem pouco se reportava - ele mantinha canal direto com o governo federal, então sob tutela do general Ernesto Geisel.

Naquela noite, por ordem de Erasmo, a tropa de choque da Polícia Militar e agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) - a temível polícia política - invadiram a PUC e prenderam 900 estudantes que ali se reuniam para discutir a recriação da UNE (União Nacional dos Estudantes).

A violência sem limites dos soldados deixou pelo menos cinco alunas feridas com queimaduras graves no corpo. Sob intensa cobrança de entidades de direitos humanos mundo afora, Erasmo negou que seus soldados tivessem usado bombas incendiárias na ocupação da universidade.

"A PUC-SP foi vítima direta da violência de Estado na ditadura, de sua truculência e ilegitimidade", assinala a carta da Reitoria.

"O coronel Erasmo Dias comandou a violação em 22 de setembro de 1977. A cada ano lembramos a data para repudiar o arbítrio e o obscurantismo, um gesto cidadão e de formação de nossos estudantes para que a memória nos ajude a evitar que acontecimentos como aquele se repitam: ditadura nunca mais!"

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Diretório Acadêmico de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo após ser revirado e ter móveis destruídos durante a invasão policial à faculdade, 23/9/1977. Foto: Oswaldo Luiz Palermo/Estadão

Para a PUC-SP, 'o reaquecimento da extrema direita brasileira, apoiado também na memória, em condutas e valores antidemocráticos e anticivilizatórios da ditadura, abriu espaços para celebrar torturadores e outros criminosos do regime militar, para fazer escárnio dos mortos e desaparecidos políticos, para relativizar e, às vezes, golpear a democracia brasileira, que foi duramente conquistada e ainda é carente de muitos aperfeiçoamentos'.

COM A PALAVRA, O GOVERNO TARCÍSIO

“O referido projeto de Lei, de autoria parlamentar, foi analisado do ponto de vista técnico e jurídico nos termos da Lei número 14.707, de 8 de março de 2012. Em relação à carta da PUC, ela foi recebida nessa quarta-feira (28), às 11h28, posteriormente à promulgação da lei, e segue os trâmites para a resposta ao emissor.”

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