A Receita e a Polícia Federal deflagraram nesta sexta, 6, a Operação Hespérides com o objetivo de combater organização criminosa sediada em Pacaraima, Roraima, que tem adquirido clandestinamente grandes quantidades de ouro enviadas irregularmente da Venezuela para o Brasil e que posteriormente é exportado para os Emirados Árabes Unidos e a Índia.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/EYBRTIUAVJN4NLOJE2LDTQRXQE.jpg?quality=80&auth=842a90f9e81829c49fafe9f75fc4b52751b2c4103a3c673fe18f82b999179240&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/EYBRTIUAVJN4NLOJE2LDTQRXQE.jpg?quality=80&auth=842a90f9e81829c49fafe9f75fc4b52751b2c4103a3c673fe18f82b999179240&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/EYBRTIUAVJN4NLOJE2LDTQRXQE.jpg?quality=80&auth=842a90f9e81829c49fafe9f75fc4b52751b2c4103a3c673fe18f82b999179240&width=1200 1322w)
As investigações indicam que uma empresa localizada em Pacaraima/RR, fronteira do Brasil com a Venezuela, é utilizada para dar aparência lícita ao ouro venezuelano adquirido, ocultando a sua origem - estrangeira e/ou de garimpos ilegais - e dissimulando sua verdadeira natureza, por meio da emissão contínua de milhares de notas fiscais de entrada ideologicamente falsas e recibos de venda falsos, simulando que se tratam de sucatas de ouro.
Posteriormente, essa mercadoria é encaminhada para uma outra empresa localizada no Estado de São Paulo, que seria responsável pela receptação do ouro irregular proveniente da Venezuela e pela sua exportação, já com aparência lícita, para os Emirados Árabes Unidos e Índia.
Segundo a Seção de Comunicação Institucional da Receita, a partir de cruzamentos foi constatado que a organização criminosa investigada encaminhou, entre os anos de 2017 e 2019, de Pacaraima para São Paulo, aproximadamente 1,2 tonelada de 'sucata' de ouro originária da Venezuela, o que na cotação atual representaria em torno de R$ 230 milhões, sem que fosse registrada nenhuma operação de importação nos sistemas da Receita.
![](https://www.estadao.com.br/resizer/v2/663JOG4EIRNUHM25EO5UELGOAM.jpg?quality=80&auth=a17866c8476f2997be51cab439a44753c54aa5da2facbf4214b7d27f936922fb&width=380 768w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/663JOG4EIRNUHM25EO5UELGOAM.jpg?quality=80&auth=a17866c8476f2997be51cab439a44753c54aa5da2facbf4214b7d27f936922fb&width=768 1024w, https://www.estadao.com.br/resizer/v2/663JOG4EIRNUHM25EO5UELGOAM.jpg?quality=80&auth=a17866c8476f2997be51cab439a44753c54aa5da2facbf4214b7d27f936922fb&width=1200 1322w)
Caso o procedimento de importação regular tivesse ocorrido, estima-se que seriam devidos em tributos federais aproximadamente R$ 26 milhões, desconsiderando-se multa e juros.
Os investigados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de descaminho e contrabando, facilitação para o descaminho, organização criminosa, falsidade ideológica, receptação qualificada, lavagem de capitais, corrupção ativa e passiva.
Foram expedidos pela 4.ª Vara Federal de Roraima 17 mandados de prisão preventiva, 5 mandados de prisão temporária e 48 mandados de busca e apreensão que foram cumpridos nos estados de Roraima, Rondônia, Amazonas, Rio Grande do Norte e São Paulo, além do bloqueio judicial de ativos financeiros em nome dos investigados, no limite total de R$ 102 milhões.
O nome da operação é uma referência ao Jardim das Hespérides, local que segundo a mitologia grega, seria o pomar onde a deusa Hera cultivava macieiras que davam frutos de ouro. O local seria inalcançável para simples mortais, sendo guardado por, além das Hespérides por um dragão eterno que nunca dormia.