A União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin (Intelis) afirmou nesta quarta-feira, 31, ver conflito de interesses na indicação do delegado da Polícia Federal José Fernando Moraes Chuy para o cargo de corregedor-geral da agência.
Isso ocorre, segundo a Intelis, porque “uma vez que o indicado é policial federal e oficial da reserva do Exército, e a 4ª fase da Operação Última Milha aponta policiais federais e um militar como figuras chave do esquema. O indicado também não possui experiência em matéria correcional e nem em legislação afeita à Inteligência de Estado, o que levanta a necessidade de justificativa para o que parece violar o princípio da impessoalidade”.
A Intelis diz ainda causar estranheza a atual corregedora ser retirada do cargo a que poderia ser “reconduzida quando as autoridades que possuem investigação em curso sobre a estrutura paralela que parasitou a Abin expressam a total cooperação da corregedoria do órgão no caso”. Chuy foi indicado para assumir o posto de corregedor-geral em substituição a Lidiane Souza dos Santos, que permanece no cargo até o último dia de agosto.
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Chuy é experiente e respeitado na PF, com passagens por áreas estratégicas. Também atuou na Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Moraes ocupava a presidência da Corte. Ele é doutor em direito e segurança pela Universidade Nova de Lisboa, mestre em criminologia e ciências criminais pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna de Portugal. Chuy também é professor na Academia Nacional de Polícia, onde participa do grupo rede de pesquisa em terrorismo, contraterrorismo e crime organizado.
Em 2020, delegado federal apresentou estudo sobre o “novo terrorismo”, expressão que, segundo ele, acabou sendo popularizada após o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, em Nova York, informou a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, à época.
A análise de Chuy apresenta as consequências e incongruências relacionadas à priorização do uso da força militar diante do fenômeno, especialmente o desenvolvimento de uma segunda geração de líderes terroristas por meio da radicalização virtual.