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Opinião|Somente com educação climática poderemos frear o colapso do planeta; entenda

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convidado
Por Semíramis Biasoli*

Nosso planeta-casa, a Terra, chegou ao seu limite e os sinais estão por toda parte. As consequências das ações da maioria absoluta da humanidade, que está vinculada ao modo de produção e consumismo capitalista, em que as vidas viram mercadoria, já estão acendendo um sinal amarelo há muitas décadas. A conta chegou. Diante de um futuro cada vez mais comprometido, é hora de darmos atenção a algo que pode contribuir de forma decisiva e fundamental para reverter esse quadro: a educação ambiental climática. E não estou falando somente de uma educação acadêmica, formal, dentro de uma sala de aula; para além disso, e especialmente diante da pulverização de informações, muitas delas falsas: é preciso que haja educação climática em nosso cotidiano, que leve as sociedades a promoverem um presente menos desigual e um futuro com alguma possibilidade de segurança para as próximas gerações.

Queimada em Santo Antonio do Matupi, no sul do Amazonas Foto: Gabriela Bilo/Estadão

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Já existem especialistas apontando que Cuiabá, capital do Mato Grosso, daqui 20 anos, atingirá uma temperatura de 50º. Em Manaus, há constantes relatos de pessoas que estão com o nariz sangrando devido a crítica qualidade do ar provocada pelo aumento das queimadas no território, que seguem aumentando a cada ano. Ano após ano, no país inteiro, as chuvas chegam cada vez mais violentas e os desastres causados por elas seguem fazendo inúmeras vítimas: pessoas, animais, uma grande diversidade de espécies e a própria natureza. São os chamados eventos extremos, que se tornaram frequentes e mais intensos com o desequilíbrio climático provocado pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. No mundo, o principal emissor desses gases é a queima de combustível fóssil; no Brasil, é o desmatamento.

Segundo dados da Defesa Civil, em 2022, ao todo, 890.188 pessoas foram atingidas pelos temporais no país, incluindo mortes, feridos, enfermos, desabrigados, desalojados e desaparecidos principalmente nas regiões litorâneas. O número representa 150% a mais de pessoas atingidas em comparação ao ano de 2012. Além das pessoas, a natureza se deteriora criando um círculo vicioso de aumento dos riscos de novos desastres, como exemplo, o litoral norte de São Paulo, que sofreu uma série de deslizamentos ocasionados por um evento climático extremo em fevereiro deste ano, onde dezenas de pessoas morreram, milhares perderam suas casas, contabilizando mais de 700 feridas ambientais e as comunidades e a natureza seguem em grandes riscos de que novos deslizamentos e enchentes aconteçam.

As chuvas devem chegar cada vez mais violentas e os desastres causados por elas podem, a cada ano, fazer novas e cada vez mais vítimas no país inteiro. Para pensarmos também em medidas preventivas, é preciso entender que isso não se dá do dia para noite, é necessário um planejamento estratégico de médio e longo prazo, consolidado através da educação e da regeneração da natureza.

E para que essa educação ambiental climática seja efetiva, é necessário ter diretrizes claras, que contribuam com o enfrentamento das desigualdades presentes na sociedade. As diretrizes para educação ambiental climática ajudam a dar escala e robustecer ações e programas de educação ambiental e programas socioambientais que já estão em curso, para enfrentamento da emergência climática em todo país, principalmente a partir da perspectiva da justiça climática.

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Semíramis Biasoli Foto: Arquivo pessoal

Mas para que essas diretrizes sejam colocadas em prática, é necessário o financiamento para ações de educação ambiental, inclusive por meio da filantropia comunitária, ou seja, do financiamento a coletivos e movimentos que desenvolvam projetos de educação ambiental nos territórios, a partir do protagonismo de seus povos e comunidades. Agora, mais do que nunca, é preciso reforçar o clamor feito no Brasil e mundo afora por jovens ativistas: Educação Ambiental Climática!

*Semíramis Biasoli, doutora em Ciências, com ênfase em Políticas Públicas de Educação Ambiental pelo PPGI Ecologia Aplicada pela Esalq-USP, (2015) graduada em Ciências jurídicas pela PUCCAMP (1993), pós-graduada em Gestão Ambiental pela Unicamp (2003). Membro da Rede Paulista de Educação Ambiental e pesquisadora junto a OCA – laboratório de Educação e Política Ambiental, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, em Piracicaba-SP. É secretária executiva do FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental

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