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'Sou uma ameaça?'; professora acusa segurança de racismo e tira a roupa em mercado como protesto

Isabel Oliveira afirma que 'foi seguida' em uma loja da rede Atacadão em Curitiba na sexta, 7; empresa nega 'abordagem indevida'

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Por Isabella Alonso Panho
Professora tirou as roupas em protesto, para mostrar que não estava furtando itens do estabelecimento ( Foto: Reprodução/Twitter)

A professora Isabel Oliveira tirou a roupa dentro de um mercado da rede Atacadão, no bairro do Parolin, zona sul de Curitiba, em repúdio a um episódio de racismo que ela alega ter sofrido horas antes dentro do estabelecimento. No seu corpo, ela escreveu os dizeres: 'sou uma ameaça?'.

O episódio aconteceu na Sexta-Feira Santa, 7. O mercado pertence ao Grupo Carrefour.

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Horas antes, ela foi ao mesmo mercado comprar uma lata de leite em pó para sua filha, mas teria sido seguida por um segurança. Em nota, o Atacadão afirma que checou as imagens das câmeras de segurança e 'não identificou indícios de abordagem indevida', mas prestou acolhimento para a cliente.

Bastante abalada, a professora gravou um vídeo relatando detalhes do episódio.

Isabel disse que ligou em uma delegacia para registrar ocorrência, mas foi questionada pelo atendente, que teria lhe dito que o segurança do Atacadão apenas desempenhava suas funções.

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"O papel dele deve ser seguir uma pessoa preta dentro do mercado. E hoje fui eu a bola da vez. Não dá para ser tratada como se fosse sempre uma ameaça", desabafou aos prantos.

Horas mais tarde, Isabel voltou ao mesmo estabelecimento e tirou as roupas dentro do mercado.

Quando chegou ao caixa, para pagar sua compra, a professora disse para a atendente: 'quando eu vim vestida, havia um segurança atrás de mim. Eu voltei, agora nua, para levar a latinha de leite para a minha bebê e mostrar que não estou roubando nada'.

REPERCUSSÃO

Nesta segunda-feira, 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o caso da professora, durante a reunião dos 100 dias de seu governo.

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O episódio da professora Isabel Oliveira foi comentado pelo presidente Lula na reunião dos 100 dias na manhã desta segunda-feira, 10 ( Foto: Reprodução/TV Brasil)

"Ontem (o episódio aconteceu na sexta, 7) o Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compras, achando que ela ia roubar. Ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar", disse Lula.

O presidente destacou um capítulo anterior envolvendo a rede de supermercados. Em novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour na zona norte de Porto Alegre. Ele era um homem negro e estava fazendo compras no mercado.

Lula ainda sugeriu à rede francesa: 'a gente tem que dizer para o Carrefour: se eles quiserem fazer isso, que façam no país de origem deles. Mas aqui, a gente não vai admitir o racismo que essa gente tenta impor ao Brasil'.

COM A PALAVRA, A REDE ATACADÃO 

Questionada sobre o episódio envolvendo a professora Isabel Oliveira, a rede Atacadão enviou a seguinte nota ao Estadão:

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A empresa informa que apurou o caso, ouvindo os funcionários e analisando as imagens de câmeras de segurança, e não identificou indícios de abordagem indevida. Desde as primeiras manifestações da cliente no local, a supervisão e a gerência da loja se colocaram à disposição para ouvi-la e oferecer o devido acolhimento. Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos.

A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada. Realiza treinamentos rotineiros para que isso não ocorra e possui um canal de denúncias disponível, dando total transparência ao processo.

Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes.

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