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Opinião | STF em pauta: liberdade na internet e a responsabilidade de provedores

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convidado
Por Samira de Mendonça Tanus Madeira

O Supremo Tribunal Federal (STF) está no centro de um debate que moldará o futuro da internet no Brasil. Três casos de grande repercussão jurídica, social e tecnológica estão em julgamento: o Recurso Extraordinário (RE) 1.037.396, o Recurso Extraordinário (RE) 1.057.258 e a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 403. Esses processos abordam questões fundamentais para o equilíbrio entre liberdade de expressão, direitos individuais e a responsabilidade das plataformas digitais.

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Tema 987: A Constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet

O RE 1.037.396, de relatoria do ministro Dias Toffoli, questiona a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014). Este artigo estabelece que provedores de internet, redes sociais e sites só podem ser responsabilizados por conteúdos prejudiciais publicados por terceiros se houver uma ordem judicial específica para a remoção desses materiais.

A discussão é complexa. Para defensores do dispositivo, ele protege a liberdade de expressão, garantindo que as plataformas não se tornem censores preventivos. Críticos, no entanto, argumentam que o artigo dificulta a proteção de vítimas de crimes virtuais, como difamação, discurso de ódio e compartilhamento de conteúdos íntimos.

O STF agora terá que decidir se a exigência de ordem judicial prévia é compatível com os princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana e a liberdade de expressão.

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Tema 533: Notificação Extrajudicial e Direitos de Personalidade

O RE 1.057.258, relatado pelo ministro Luiz Fux, trata da responsabilidade de provedores por conteúdos ofensivos e da possibilidade de remoção mediante notificação extrajudicial. Neste caso, o tribunal discute se é possível que conteúdos prejudiciais aos direitos de personalidade, como ofensas, incitação ao ódio e fake news, sejam retirados da internet sem a necessidade de um processo judicial formal.

A decisão terá impacto direto na velocidade com que vítimas podem reagir a ataques online. No entanto, há o temor de que notificações extrajudiciais possam ser usadas como ferramenta de censura, restringindo o debate público e retirando conteúdos de forma abusiva ou desproporcional.

ADPF 403: O Bloqueio do WhatsApp

Por fim, a ADPF 403, relatada pelo ministro Edson Fachin, questiona decisões judiciais que levaram ao bloqueio do WhatsApp em território brasileiro. O aplicativo já foi suspenso em diversas ocasiões por descumprir ordens judiciais de compartilhamento de informações em investigações criminais.

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A ação avalia se o bloqueio do WhatsApp viola o direito fundamental à liberdade de expressão e comunicação, além de discutir o princípio da proporcionalidade. Enquanto o bloqueio impacta milhões de usuários e prejudica atividades econômicas e pessoais, autoridades argumentam que a recusa em fornecer dados compromete investigações essenciais.

A Decisão do STF e Seus Impactos

Esses três casos colocam o STF diante do desafio de equilibrar princípios constitucionais aparentemente conflitantes. A liberdade de expressão e comunicação, garantias fundamentais em uma sociedade democrática, precisam ser conciliadas com o direito à proteção da honra, da privacidade e da segurança pública.

A decisão do STF definirá não apenas a responsabilidade das plataformas digitais, mas também os limites do poder estatal em interferir na comunicação online. O Brasil, com um dos maiores números de usuários de redes sociais no mundo, terá a oportunidade de estabelecer um marco jurídico que poderá influenciar o debate global sobre o uso da internet.

Resta saber como a Suprema Corte interpretará o papel das plataformas digitais em um ambiente cada vez mais interligado e qual será o impacto dessas decisões para a sociedade brasileira.

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Samira de Mendonça Tanus Madeirasaiba mais

Samira de Mendonça Tanus Madeira
Advogada com especialização em Direito Imobiliário e do Consumidor. Pós-graduada em Direito Processual Civil. Sócia do escritório Tanus Madeira Advogados Associados. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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